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Carreira

O novo workaholic é viciado também em qualidade de vida

Entenda por que executivos como eu aliam qualidade de vida e prática esportiva à rotina puxada de trabalho.

 18 de julho de 2017
10 min de leitura

Workaholic - Saiba mais

Eu sou uma pessoa que trabalha muito! E eu tenho uma visão muito especial sobre o trabalho, eu acredito que ele deve ser a consequência do seu talento, de algo que você ama fazer e, acima de tudo, que lhe preenche como Ser Humano! Você precisa ter uma causa, um motivo pelo qual você trabalha.

Como diria Steve Jobs: “Você tem que encontrar o que você gosta. E isso é verdade tanto para o seu trabalho quanto para seus companheiros. Seu trabalho vai ocupar uma grande parte da sua vida, e a única maneira de estar verdadeiramente satisfeito é fazendo aquilo que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um ótimo trabalho é fazendo o que você ama fazer. Se você ainda não encontrou, continue procurando. Não se contente. Assim como com as coisas do coração, você saberá quando encontrar. E, como qualquer ótimo relacionamento, fica melhor e melhor com o passar dos anos. Então continue procurando e você vai encontrar. Não se contente.”

Eu trabalho invariavelmente, 12 horas por dia e, raramente, passo um final de semana sem ter algo de trabalho para fazer. Graças a Deus! Rs

As atividades são muitas: minhas funções como executiva na Apsen, minha editora Legacy, os compromissos referentes ao lançamento do meu livro, Do sonho à realização, a criação de textos e conteúdos aqui para o blog e minhas redes sociais, atendimentos como coach, minha preparação para o Mundial do WBFF que envolve desde dieta ate treinos e mais uma infinidade de assuntos que preenchem completamente a minha agenda.

Sou daquelas que as pessoas costumam chamar de workaholic, os viciados em trabalho ou trabalhadores compulsivos. Mas, ao contrário da definição clássica do termo, acredito que estou em uma nova geração de “viciados em trabalho”: somos os novos workaholics, pessoas que têm a profissão como principal fonte de inspiração e prazer não apenas de preocupação, mas que também buscam qualidade de vida, práticas esportivas e propósitos, além das conquistas materiais.

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Os novos workaholics

Workaholic - Entenda mais

A figura do executivo que não para nunca, que está sempre conectado no trabalho, que consegue excelentes resultados na vida profissional, mas que, quase sempre, possui uma vida pessoal totalmente abandonada e desestruturada, é algo que está ficando para trás.

Na última década, acompanhamos o surgimento de uma nova classe de executivos. Pessoas, como eu, que se dedicam, sim, absurdamente aos seus negócios e empresas, mas também buscam equilíbrio com a vida pessoal e não estão dispostas a conseguir o sucesso a qualquer custo.

O ponto de partida para essa mudança de paradigma encontra-se no Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos. Lá, começou a surgir um novo perfil de executivo que se opõe ao engravatado durão que passa 14 horas por dia no escritório. O novo workaholic trocou as horas “bunda na cadeira” pelos resultados e mostrou que, com o uso das novas tecnologias, é possível trabalhar muito, mas não necessariamente preso entre quatro paredes e com cargas de trabalho insanas e insalubres.

Ou seja, na prática, estamos trocando quantidade por qualidade no escritório, porque entendemos que mais tempo em frente ao computador não significa mais trabalho feito.

Um estudo recente da Business Roundtable, uma associação de CEOs de renomadas empresas nos EUA, concluiu que, embora um pico concentrado de muitas horas de trabalho possa aumentar o rendimento em prazos curtos (fechamentos de trimestre, lançamento de produtos, etc.), longas jornadas sistemáticas tendem a diminuir a produtividade. Os pesquisadores constataram que pessoas trabalhando 60 horas por semana – ou 12 horas por dia – durante dois meses não produziram mais do que num regime tradicional de 40 horas semanais – ou oito horas diárias.

Já uma semana de 80 horas provoca burnout em menos de um mês. Ah! E se você não sabe o que é burnout e quiser conhecer essa doença que afeta inúmeros profissionais, é só dar uma conferida no texto que publiquei aqui no blog: Sempre cansado? Cuidado! Você pode estar com a síndrome da exaustão – burnout!

Com idades entre 35 e 50 anos, esses novos executivos estão no auge de suas carreiras, lideram grandes empresas, têm vasta experiência internacional e quase sempre têm algo em comum: são apaixonados por esportes e tratam as atividades físicas que praticam com a mesma seriedade com que olham para os balanços das empresas que administram.

Isso porque eles perceberam que, para exercer a criatividade e toda a potencialidade que possuem, precisam ter também um tempo de ócio, focados em outras prioridades e com um distanciamento do dia a dia do trabalho que lhes permita enxergar outros prismas e pontos de vista.

E o esporte tem cada vez mais se mostrado um fator essencial para conseguir fazer essa ruptura mental.

 

O precursor no Brasil

Por ser sempre ligada aos esportes e, ao mesmo tempo, muito dedicada às minhas atividades profissionais, as pessoas sempre brincavam comigo me chamando de Abílio Diniz de saia. E eu me senti orgulhosa com a comparação. Afinal, foi ele quem introduziu no Brasil o conceito de unir a prática esportiva e a qualidade de vida aos resultados profissionais.

Famoso por passar horas na academia e por manter um corpo invejável, mantendo um percentual de gordura de atleta, Abílio sempre foi adepto de incentivar a prática esportiva nas empresas por onde passou e até mesmo a patrocinar eventos esportivos de larga escala, fortalecendo sua filosofia de incentivo à qualidade de vida.

Tenho amigos que trabalharam no Grupo Pão de Açúcar e que, não raramente, o viam chegando antes das seis horas da manhã para malhar e só depois encarar um dia exaustivo de trabalho.

Eu também não abro mão da minha rotina de exercícios e não a encaro como algo concorrente da minha atividade de executiva, mas como um complemento e um laboratório onde testo meus limites e aprendo sobre competências que são essenciais para os resultados no trabalho.

 

O que os executivos aprendem com o esporte

 Mais do que utilizar o esporte como uma forma de higiene mental, muitos executivos, inclusive eu, perceberam que a prática de atividades físicas de forma competitiva e sistematizada pode trazer uma série de habilidades extremamente úteis no dia a dia dentro das empresas.

Afinal, seja perseguindo um título mundial de fisiculturismo ou escalando a escada corporativa, as seguintes qualidades permeiam os hábitos de indivíduos altamente bem-sucedidos, tanto nas companhias como no esporte:

 

Workaholics - Veja como esporte pode ajudar na vida dos empresários

Pode-se ver, então, que atletas bem-sucedidos e pessoas de negócios têm muitas características em comum. E, talvez, este seja o motivo que leva os novos workaholics a incorporarem o esporte de forma tão forte em suas vidas.

 

Uma geração de transição

Mas é claro que mudanças dessa magnitude não acontecem de forma instantânea. O perfil predominante no topo das companhias brasileiras ainda é o do workaholic clássico, e a gente não vê muito por aí profissionais atléticos nas cadeiras de diretoria das empresas.

Pessoas com esse perfil ainda são pontos fora da curva e não um retrato fiel da realidade do Brasil de hoje, onde 51% das mulheres e 47% dos homens são sedentários. A obesidade é uma epidemia, sobretudo na base da pirâmide organizacional das empresas, mas isso está mudando, e rapidamente.

Eu mesma já observo a entrada, no primeiro escalão das empresas, de executivos na faixa de 35 a 45 anos que já têm um perfil bastante diferente no que diz respeito à sua relação com o tempo, e o esporte passa a ter um valor bastante presente.

Percebo isso até mesmo na forma como hoje sou mais facilmente aceita, sendo atleta de fisiculturismo e executiva, e na preocupação de meus pares com alimentação mais saudável e uma vida com mais qualidade.

Claro que ainda temos muitos desafios a superar e, quando isso acontecer, talvez até mesmo o termo workaholic fique em um passado distante. Quanto a mim, apesar de aceitar pertencer a esse recente perfil de novos workaholics, vejo o termo com ressalvas. Afinal, amo tanto o que faço que não me sinto trabalhando na maior parte do tempo.

Por isso, eu até arrisco um novo nome para esta nova geração. Ao invés de Workaholic que é um termo originário da língua inglesa, formado por “work”, trabalho e  “holic” um sufixo que indica vício, dependência (como em “alcoholic”, que significa alcoólatra), ou seja alguém viciado em trabalho, um trabalhador compulsivo eu sugiro workfchievement que é a junção de “work” (trabalho) com “achievement” (realização). Ou seja um trabalho que te preencha e te faça feliz!

Por isso, mais do que executivos atletas, precisamos cada vez mais de executivos com propósitos, mas isto já é tema para outro texto!

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Rê Spallicci