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Carreira

Como conciliar a vida profissional e pessoal

Saiba como o coach de carreira Cae Nobrega ensina a ter equilíbrio entre suas diversas personas, colocando limites e estabelecendo prioridades.

 9 de dezembro de 2016
8 min de leitura



Nunca foi tarefa fácil separar a vida profissional da vida pessoal, mas, com o avanço da tecnologia, este desafio ficou ainda mais complexo. Se antes fechávamos a porta do escritório e só íamos ter contato com os assuntos de trabalho no tal “horário de expediente”, hoje isso mudou radicalmente.  Os computadores, celulares e tablets nos possibilitam estar com o “escritório” sempre ao alcance de um clique. Por outro lado, se, quando éramos crianças ligávamos para o trabalho de nossos pais só em caso de extrema e última necessidade, hoje os aplicativos permitem até que vejamos nossos filhos na aula de música da escola, ou que aquela tia querida pergunte, no exato momento em que estamos em uma reunião de trabalho, se queremos peru ou chester no Natal.

Um estudo americano publicado pela Ernst & Young descobriu que um terço das pessoas que trabalham em período integral têm achado o desafio de equilibrar o trabalho e a vida pessoal ainda mais difícil nos últimos cinco anos. O estudo pesquisou mais de 9.000 adultos de oito países diferentes, com idades entre 18 e 67 anos. O objetivo era saber mais sobre o porquê de as pessoas abandonarem seus empregos e o que elas procuram, ao se inscreverem em um processo seletivo. O resultado mostrou que os jovens e aqueles que têm crianças são os mais afetados pela falta de equilíbrio entre a vida pessoal/profissional.

Qual então o segredo para que a vida profissional não interfira tanto na pessoal e vice-versa?

Realização pessoal

Para Caê Nobrega, gerente de conteúdo da Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística, palestrante e consultor em coach de carreira, o primeiro passo deve ser a tomada de consciência do problema e perceber o quanto a mistura das personas pode afetar em todos os aspectos da vida. Segundo ele, em muitos casos de pessoas que não se desligam do trabalho, a família se adapta e deixa até de cobrar atenção. Mas, com o tempo, como em qualquer relação, a conexão vai esfriando até gerar uma quebra, como distanciamento dos filhos e até separações. No trabalho, as infinitas mensagens de WhatsApp do grupo da família podem acarretar em perda de foco, maior distração e retrabalho. “Após tomar a consciência, antes de ser tarde demais, é preciso lutar para ter disciplina e conseguir respeitar os papéis que cada pessoa desempenha tanto em casa quanto no trabalho. Mesmo que a vida seja uma só, as personassão muitas: marido, esposa, amigo, colega, líder, liderado, par, irmão, filho”,analisa. Cada uma delas requer uma variedade de comportamentos específicos dentro dos sistemas sociais em que atuamos, para que existam equilíbrio e harmonia. Caso contrário, teremos uma quebra ou até colapso do sistema”, analisa.

Mas a questão é que, em tempos de crise e de extrema insegurança em relação à manutenção dos postos de trabalho, fica cada vez mais difícil para os profissionais dizer não para aquele e-mailàs nove da noite ou para uma ligação de trabalho em pleno feriado.

Porém  o consultor recomenda que, apesar do momento, é necessário, sim, impor limites e aprender a falar não para aquilo que fere seus valores e ultrapassa seus limites.

Isso porque, quando as pessoas não se posicionam, permitem que o outro, sem ter a consciência de estar invadindo o espaço, continue e aumente gradativamente tal invasão.

Para Caê, há formas corretas de dizer não sem ferir o outro ou se prejudicar profissionalmente. “Uma das maneiras de dizer não, é o de utilizar uma das ferramentas da Programação Neurolinguística chamada fala espelhada, que nos permite impor limites sem criarmos problemas de relacionamento”, comenta. (confira no box abaixo como praticar a fala espelhada).

Mulher multitarefa?

As mulheres sempre tiveram a fama de saber lidar de forma mais assertiva com os mais diversos personagens que a sociedade exige do que os homens. A velha história da segunda jornada em casa, como mãe e dona de casa, sempre fez parte do perfil feminino. No entanto, a cada dia as responsabilidades e as pressões sobre as mulheres no mercado de trabalho são maiores, e muitas delas não conseguiram ter a divisão necessária nas responsabilidades com os filhos e com a casa. O resultado é uma quantidade cada vez maior de mulheres com problemas, como estafa, depressão, entre outros.

“A questão é que, historicamente, as mulheres são condicionadas desde pequenas a realizarem muitas tarefas ao mesmo tempo e, com o passar dos anos, isso se aperfeiçoa atingindo altos níveis de performance”, brinca Caê. “Entretanto, elas acabam fazendo tantas coisas que normalmente se esquecem de si e só cuidam de todo o resto. Essa conta chegará uma hora”, prevê o consultor.

Para evitar que essa conta seja muito alta, a dica do consultor é que as mulheres tenham noção da importância de cada um dos seus papéis e que trabalhem para impor limites e se permitam conciliá-los para ter uma harmonia em cada lado dessas fronteiras, fazendo com que uma persona possa contribuir com a outra e não trabalhar de forma antagônica.

“Infelizmente, encontro todos os dias mulheres que focaram tudo nas carreiras, são executivas de sucesso profissional sem uma vida pessoal. E isso certamente não é saudável”.

Por fim, se a barra pesar e você sentir que não está dando conta de tudo, não tenha vergonha de pedir ajuda! Às vezes é totalmente normal não ter tempo, nem condições – físicas e mentais – de realizar todas as tarefas. Por isso, aposte mais nas pessoas que convivem diariamente com você e divida o peso de suas obrigações. Desse modo, certamente você achará um tempinho para também relaxar e curtir. Afinal, você merece.

Entenda o processo da Fala Espelhada

Maria tem um casamento da amiga marcado para sexta-feira às 19 horas do qual será madrinha. Na semana do casamento, o chefe lhe pergunta:

“Maria, será que você pode trabalhar na sexta até mais tarde, tipo umas 22horas?”

Passo 1 – Usar palavras de acolhimento (amortecedoras) que são palavras/expressões para acolher:

Entendo pelo que você está passando…

Compreendo…

Importante saber como você pensa…

Muito bom conhecer o que você sente…

(Acolher não significa concordar.)

Maria respondendo:

Nossa, chefe, fico feliz em saber que você conta comigo nos momentos mais difíceis…

Passo 2 – Conjunção aditiva E

Geralmente as pessoas usam o “MAS”, que na verdade é uma conjunção adversativa, como “NO ENTANTO”, “ENTRETANTO“, “TODAVIA”.

Essas expressões anulam tudo o que veio antes delas.

Por isso, usar o “E” dá leveza e fluência ao discurso, além de passar a mensagem de que você respeita a outra forma de pensar.

Passo 3 – (Terceiro Passo) Porque eu penso (exemplo/fatos/dados).

Traga em seu discurso algo estruturado, como:

Baseado em…

De acordo com…

Na revista, estava escrito que…

(Lembre-se: contra fatos, não há argumentos.)

Maria respondendo:

E nesta sexta, especificamente, serei madrinha de uma grande amiga que vai se casar e, inclusive, já estava em minha agenda, conforme combinamos três meses atrás.

Passo 4 – (Quarto Passo) O que eu penso (Sua opinião mesmo, o que de fato você pensa)

Conclua de uma forma elegante:

Por isso (baseado em fatos), eu acredito que…

Maria respondendo:

Por isso, prefiro ficar mais tempo na quinta e segunda, para conseguirmos entregar o projeto na próxima quarta.

caee1

 

Caê Nóbrega é Gerente de Conteúdo da Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística, palestrante e consultor com mais de 8 anos de experiência e coach de carreira, criador e principal trainner do Treinamento “Jornada da Mulher”.

www.jornadadamulher.com.br

 

 

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Rê Spallicci