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Carreira

Como mulheres podem driblar a desigualdade

Como superar a barreira da desigualdade no mercado de trabalho em segmentos dominados pelos homens

 6 de abril de 2023
5 min de leitura



Embora nós mulheres tenhamos feito avanços incríveis no mundo do trabalho e nas hierarquias organizacionais, muitos campos relacionados à ciência, tecnologia, engenharia e matemática ainda são resistentes à diversidade de gênero.

E, ao buscar entender um pouco mais sobre algumas áreas ainda serem tão resistentes à necessidade da igualdade, me deparei com uma pesquisa muito interessante realizada nos Estados Unidos.  

Isso porque, ao invés da pesquisa buscar as respostas nas empresas e em estatísticas, foram ouvidas mulheres que conseguiram carreiras de sucesso em uma área dominada pelos homens: a engenharia. E não sei se todos aqui sabem, mas eu sou engenheira. Me formei em engenharia química pela FAAP.

Voltando para a pesquisa, foram entrevistadas 34 engenheiras em duas empresas que estão no Top 100 mundial de melhores empregadores. Sendo 10 no início de suas carreiras, 19 no meio da carreira e 5 no final da carreira.

A pesquisa procurou, então, entender os fatores que ajudaram essas mulheres a permanecerem em suas organizações e até as barreiras que encontraram para progredir.

Esses foram os principais pontos que me chamaram atenção na conclusão da pesquisa, e quero compartilhar com vocês.

Principais fatores que ajudam as mulheres a permanecer nas empresas

Uma das principais descobertas que surgiram das conversas com as engenheiras foi a importância do seu entorno direto. Isso pode envolver, o líder imediato, a equipe com a qual trabalha no dia a dia e a cultura que afeta o comportamento do time.

Assim, mesmo em empresas onde o ambiente macro-organizacional é mais machista, se o microclima e o microambiente forem positivos o suficiente, tudo pode atuar como um amortecedor contra as forças negativas na organização mais ampla.

Abrindo oportunidades

Segundo a conclusão dos pesquisadores, as percepções de competência eram um problema. Em parte, se devia à falta de confiança dos homens, mas, principalmente, às mulheres expressando dúvidas (infundadas) sobre sua  competência.

Essa falta de confiança em suas habilidades pode ser devido à microagressão baseada em gênero no local de trabalho ou isolamento de redes importantes. Quaisquer que sejam os motivos, essas dúvidas impedem as mulheres de buscarem oportunidades para progredirem em suas carreiras.

O fato é que a confiança precisa ser construída e líderes podem agir oferecendo oportunidades que ajudarão as mulheres a aumentarem sua confiança, o que vai gerar visibilidade e um ciclo positivo de incentivo.

Feedback personalizado

A liderança é essencial também com o fornecimento de feedback. A maioria dos líderes o fornece, mas as mulheres pesquisadas foram muito específicas sobre o tipo de retorno que fez uma diferença real.

Esse feedback abordou uma série de questões que as engenheiras tinham sobre a melhor forma de abordar uma tarefa ou encontrar a área técnica certa para se especializar, por exemplo.

O feedback de que precisavam era personalizado, construtivo e regular. Não era um exercício de rotina institucional, ordenado pela organização, mas algo que os líderes se encarregavam de fazer.

Apoio de pares

As mulheres valorizam mais o apoio da liderança e colegas. Tal comportamento foi particularmente relevante em termos de julgamento sobre o desempenho, por exemplo.

Para os líderes, muitas vezes é o caso de ouvir as preocupações das colaboradoras e levá-las a sério. No caso de erros, aliar preocupações e tranquilizar a funcionária de que está indo bem. Em caso de comportamento inadequado, aconselhar sobre os procedimentos corretos a seguir e oferecer apoio. Além de criar uma cultura e um ambiente acolhedores, o apoio dos colegas é encorajado e oferecido gratuitamente.

Modelos de papéis

Aqui, o conceito de exemplos que inspirem não é necessariamente passivo; não existe apenas um caso de mulheres que combinaram com sucesso a carreira e a família na organização em algum nível.

As organizações podem ser proativas, tornando os modelos de função mais visíveis. Os modelos devem ser capazes de contar sua história, desafiar estereótipos e relatar suas experiências. O importante é como lidaram e fazer com que a maternidade e a vida familiar pareça algo tangível e alcançável.

Eu acredito que essa pesquisa traz muitos insights que podem ser absorvidos como parte de práticas de RH. Desde a importância de termos líderes treinados para reconhecer as oportunidades de intervenção relacionadas aos fatores detalhados acima até o incentivo a boas práticas, reconhecendo e recompensando os funcionários que demonstram comportamentos de apoio.