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Carreira

Com o design thinking você pode redesenhar a sua carreira

Veja como redefinir sua carreira usando o método utilizado pelos designers.

 9 de fevereiro de 2018
13 min de leitura

Design thinking - Entenda tudo sobre esta nova tecnologia para sua carreira!

Como coach e também como executiva e empresária me deparo, em diversas ocasiões, com pessoas que estão insatisfeitas com o seu trabalho, mas que se sentem impotentes para buscar uma mudança.

Afinal, fomos criados para que tivéssemos uma única escolha profissional ao longo da vida e para acreditar que qualquer outra rota que nos desviasse desse caminho, deveria ser encarada como uma aventura… para não dizer irresponsabilidade!

Na atual geração que está ingressando no mercado de trabalho, percebo que essas amarras já não são mais assim tão fortes, mas, por outro lado, também sinto despreparo, quando o assunto é saber conduzir a própria carreira.

Não é por acaso, então, que, segundo uma pesquisa realizada pela Isma Brasil (International Stress Management Association), 72% da população do País está insatisfeita com o emprego.

Por isso, hoje quero falar sobre uma metodologia que vem sendo utilizada há anos para a solução de diversos problemas, e que, recentemente, passou a ser aplicada também para o desenvolvimento de carreiras.

Ela pode contribuir para que tenha mais assertividade no campo profissional e mais felicidade em sua vida.

Design thinking

Design thinking - Criatividade

Estou falando do design thinking, um processo tradicionalmente usado por designers de produtos para criar soluções, usando uma abordagem centrada no ser humano.

Mas hoje, o design thinking ultrapassou a área dos produtos de consumo e é usado para resolver problemas em áreas que vão desde cuidados de saúde, justiça penal, agricultura rural e também da sua carreira.

Os precursores dessa abordagem são Bill Burnet e Dave Evans, professores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, autores do livro “O design da sua vida”.

Segundo eles, as ferramentas visuais do design unidas ao planejamento podem dar um novo rumo para as carreiras. “Acreditamos que a vida é um problema de design, porque não trabalha com dados fixos – não existem informações concretas sobre o futuro, como acontece com o raciocínio da engenharia, por exemplo. O design ajuda a identificar o problema, reformular, criar protótipos e encontrar soluções que podem ser adaptadas, caso haja mudanças futuras”, disse Burnet, em recente entrevista concedida a uma publicação brasileira.

Os pilares da metodologia

O design thinking se apoia em cinco etapas, conforme explico a seguir:

 

  1. Empatia ou imersão

O design thinking coloca as pessoas e suas necessidades em primeiro lugar. Portanto, o primeiro passo do processo é entender o problema da perspectiva do usuário final.

Se estamos falando de você e de sua carreira, é fundamental que você defina as suas necessidades e o que é significativo para sua vida.

 

  1. Análise e síntese

Com a informação recolhida durante a fase de “empatia”, o solucionador de problemas está mais bem  equipado para determinar qual é o problema real ou desafio.

Durante esse estágia, as necessidades e os insights, que foram descobertos no passo anterior, são catalogados e inventariados. E  o verdadeiro problema aparece.

É importante ter em mente que definir o problema certo é a única maneira de criar a solução certa. A etapa análise e síntese estará  concluída, uma vez que uma declaração de problema foi redigida.

 

  1. Idealização

Nesta etapa, o solucionador de problemas usa uma mentalidade criativa para gerar tantas ideias quanto possível para resolver o problema, sem a restrição das soluções existentes. O objetivo não é tentar encontrar a resposta “certa” – que é algo que não existe. Em vez disso, muitas possibilidades e alternativas são exploradas.

Algumas das ferramentas disponíveis para ideação incluem: brainstorming, mapeamento mental, doodling, e assim por diante. Nada está fora dos limites. Afinal, depois de  adotar a mentalidade do designer, você vai perceber  que “você escolhe melhor se escolher entre muitas ideias”.

 

  1. Prototipagem.

Uma vez que os designers aprendem fazendo, e eles avançam, as melhores ideias do estágio “idealização” são escolhidas para serem transformadas em protótipos simples (escolha entre três e cinco ideias para protótipo). Ou seja, uma solução física ou tangível é criada.

Um dos elementos-chave desta etapa é a velocidade. A ideia não é encontrar algo perfeito, mas que possa ser testado rapidamente..

 

  1. Teste.

Tendo  seus protótipos, vá ao mundo real e teste-os. Aceite que a falha faz parte do processo design thinking. Na verdade, seu objetivo na fase de testes não é dizer que seus protótipos são um sucesso, mas obter feedback, para que você possa fazer ajustes, aprimoramentos e criar um protótipo melhor.

O processo de idealização, protótipo e teste é repetido até o protótipo atender às necessidades do usuário final. Na verdade, você pode passar por todo o processo desde o primeiro passo até a última etapa várias vezes. Design thinking - Pilares

Como aplicar o design thinking em sua vida

 

Agora que você já entende como funciona a metodologia, vamos aprender como você pode utilizá-la, dando ênfase ao seu emprego e à sua carreira.

 

  1. Mantenha um diário de atividades.

Vamos assumir que você está se sentindo insatisfeito no trabalho. Para determinar como melhorar esta situação, comece a manter um diário de atividades. Você vai acompanhar suas atividades diárias durante uma semana para determinar  de que atividades você mais gosta. Faça perguntas como as seguintes para si mesmo:

  • Quando você se sente completamente envolvido na atividade que você está realizando? Quando você está mais atento?
  • Quais atividades o fazem feliz?
  • Quando você está trabalhando no seu nível máximo?
  • Que atividades fazem você se sentir calmo e sereno?
  • O que você está fazendo quando se sente o mais animado e o mais presente?

 

  1. Acompanhe sua energia.

Algumas atividades estão lhe energizando, enquanto outras estão drenando sua energia. Registre suas principais atividades por algumas semanas e observe como cada atividade ativada faz com que você sinta. Tal como acontece com o exercício anterior, o objetivo deste exercício é notar como suas atividades o afetam. Passar por seu registro lhe dará ideias sobre como melhorar suas rotinas.

 

  1. Crie três planos.

Neste exercício, você vai pensar em vários cenários, ou caminhos, para os próximos cinco anos de sua vida. Estas são trajetórias que você poderia perseguir realisticamente:

Um cenário é a sua vida atual, se ele simplesmente continuar como está.

O segundo cenário é o que você faria, se sua vida atual, de repente, desaparecesse.

Para o terceiro cenário, pense no que você quer fazer com sua vida. A verdade é que a maioria das pessoas não sabe o que quer. Então, simplesmente crie vários cenários diferentes envolvendo alternativas diversas  que lhe parecem interessantes. Você já pensou em vender tudo o que tem e viajar ao redor do mundo? Você achou que pode querer se tornar um advogado em qualquer ponto da sua vida? Tornar-se  um chef sempre passou pela sua cabeça?

Inclua não apenas a carreira, mas também objetivos pessoais em seu Plano:  escrever um romance, viajar para a Europa, aprender a tocar um instrumento, e assim por diante.

O objetivo deste exercício é perceber que sua vida poderia ir a muitas direções diferentes, e você poderia ser feliz em cada uma delas. Ou seja, não há um caminho perfeito para você, então pare de pensar que, se fez uma jogada errada, nunca mais vai  liderar sua “vida ideal”.

 

  1. Defina seu problema.

Os três exercícios que você completou nas etapas 1 a 3 lhe deram mais informações sobre você e sua vida – quem você é e o que deseja. Agora você vai levar essa informação para definir seu problema. Aqui estão algumas maneiras de definir seu problema:

  • Como posso retrabalhar meu dia, para que eu possa fazer mais do que me faz feliz e menos do que eu não gosto de fazer?
  • Como posso fazer mais coisas ao longo do meu dia que são mais positivas em termos energéticos?
  • O que o meu trabalho precisa para que eu possa me sentir mais satisfeito?
  • Que habilidades devo aprender, para começar uma mudança  em uma nova direção?
  • O que eu quero fazer depois?
  • Olhando com honestidade para as minhas circunstâncias, que espaço eu tenho para manobrar?
  • Agora que eu examinei a maneira como estão, como posso torná-los melhores?
  • Como posso criar a próxima versão de mim?
  • O que eu mais preciso mudar?
  • Como posso me reinventar?

 

  1. Idealize.

Há uma diferença entre a navegação e o encaminhamento. Navegação é quando você conhece seu destino,  depois planeja e segue uma rota para chegar lá. Ou seja, uma vez que você conhece o seu destino exato, existem instruções explícitas que você pode seguir para chegar lá.

O problema de projetar sua vida é que você não sabe exatamente para onde você está indo. Você pode ter uma ideia geral de “Eu gosto deste tipo de coisas” e “Não gosto desse tipo de coisas”, e o tipo de coisas que lhe dão energia ao invés de drená-la. Mas não muito mais do que isso.

Quando você sabe que quer ir a algum lugar, mas você não tem certeza de onde, você usa um processo chamado wayfinding. Esta é a maneira como os caçadores encontram o jogo na natureza. Aqui está o processo:

Há um antílope ou um cervo lá fora, mas os caçadores não sabem onde.

No entanto, eles sabem como rastrear.

Então, eles vão de um ponto para outro à procura de pistas que os direcionem para o animal.

Cada pista que eles acham os leva ao próximo ponto.

Eles avançam dessa maneira – da pista para a pista – até encontrar o animal que eles estão procurando.

Quando você idealiza, você apresenta possibilidades ou alternativas para começar a orientar-se, usando técnicas de geração de ideias, como brainstorming. Em seguida, você escolhe as melhores ideias que surgiram e começa a prototipagem e “teste essas ideias”.

 

  1. Realize protótipos e testes.

Um protótipo é uma experiência rápida e barata que está prontamente disponível, e que permitirá que você aprenda algo que não conhece em relação ao problema que está tentando solucionar.

Em vez de analisar infinitamente coisas em sua cabeça ou no papel, você coloca logo em prática e usa o processo como aprendizado. Ou seja, a ideia é construir o caminho a seguir fazendo pequenos experimentos, ou protótipos.

Pense nos designers de software. Eles estão sempre lançando programas com recursos mínimos para obter feedback o mais rápido possível.

Isso permite que eles saibam se o que eles estão construindo é algo que o mercado quer. Se assim for, eles continuam criando protótipos até que eles tenham construído algo que vende bem.

Como um exemplo, se você está pensando em se tornar um chef de cozinha, você pode perguntar a algum chefe sobre os prós e contras da carreira, pode conversar com alguém que está estudando gastronomia, pode pedir para observar a cozinha de um restaurante, e assim por diante. Continue testando e fazendo ajustes até ficar feliz com os resultados. Ou seja, até ter certeza de que quer ser um chefe, ou decidir que a cozinha simplesmente não é para você.

 

Alinhamento perfeito

Enfim, lembre-se de que o seu caminho é você quem faz, e que a vida é uma só. Por isso, não vale a pena ficar preso a uma rotina que não está legal só por comodidade ou medo da mudança.

Ao trabalhar as ferramentas do design thinking para redesenhar sua carreira, vai perceber que pode ir além e reestruturar toda sua vida, fazendo mais coisas que lhe proporcionem momentos mais felizes e mais em sintonia com seus valores e propósitos!

Citando mais uma vez os autores,  Burnett e Evans dizem que uma vida bem projetada acontece quando há alinhamento entre quem você é, aquilo em que acredita e o que pratica. Algo que parece simples de se obter, mas que necessita de muito esforço!

Espero que, ao utilizar essas ferramentas, possa encontrar um novo caminho ou ajustar a sua rota atual e, acima de tudo, ter uma vida mais completa e plena!

 

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Rê Spallicci