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Diversidade & Inclusão

A mulher real é retratada na publicidade?

Publicitárias se unem para dar um fim às propagandas machistas e provocam: “Em um País onde a mulher teve um incremento de renda da ordem de 86% nos últimos dez anos, essa postura não é nada inteligente”.

 9 de março de 2016
5 min de leitura



Segundo pesquisa realizada em abril do ano passado, mais da metade das brasileiras não viram nenhuma propaganda que lhes chamasse a atenção no período. A pesquisa, realizada pela consultoria de marketing sobre o público feminino, Think Eva, ouviu mais de mil mulheres que, em sua maioria (55,7%), revelaram o desinteresse.

Enquanto isso, 73,2% das mulheres afirmavam ter interesse em tecnologia, mas 75,7% acreditavam que empresas desse segmento se dirigem, em seus anúncios, apenas aos homens. E tem mais: 85,8% das pesquisadas afirmaram desejar que mulheres fossem retratadas com inteligência pela publicidade.

E é para tentar mudar essa realidade que três amigas publicitárias, Thais Fabris, Maria Guimarães e Larissa Vaz, se uniram para criar o Coletivo 65|10, que quer discutir o machismo na propaganda, tanto na publicidade, quanto dentro das agências.

O nome do Coletivo é alusivo aos números apresentados em pesquisas que salientam que 65% das  mulheres não se identificam com a forma como são retratadas pelas propagandas (segundo pesquisa do Instituto Patrícia Galvão, de 2013), e apenas 10% dos postos de trabalho na área de criação das agências publicitárias pertencem às mulheres, segundo levantamento realizado pelo Clube de Criação.

“Nosso objetivo é realizar um trabalho junto às empresas e agências, mostrando o quanto a mulher ainda é tratada de forma distante da realidade, muitas vezes com um cunho machista. Em um País onde a mulher teve um incremento de renda da ordem de 86%, nos últimos dez anos, essa postura não é nada inteligente”, provoca Thais Fabris, uma das idealizadoras do Coletivo 65|10.

Segundo a publicitária, as redes sociais deram voz às mulheres que, por anos, foram retratadas de forma pejorativa pela publicidade, mas não tinham muito poder de mobilização. “Agora já houve casos de se conseguir tirar do ar  propagandas de cunho machista” , comemora.

Cerveja feminista

As propagandas de cerveja talvez sejam as que mais ocuparam o não honroso lugar de produzir propagandas machistas, razão pela qual as três amigas da 65|10 resolveram divulgar o tema na mídia, mediante o lançamento da Cerveja Feminista, em fevereiro do ano passado. Por meio de um site, elas difundiram uma edição limitada de uma cerveja artesanal. “Foi a forma que encontramos de jogar o assunto para ser discutido pela sociedade”, relembra.

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No site oficial do produto, ele se posicionava como uma cerveja “para homens e mulheres” com a ideia de desfazer mitos sobre o feminismo.

Segundo Thaís, o lançamento da cerveja teve um alcance surpreendente, tanto no Brasil como fora do País. “Ficamos surpresas com a ampla repercussão que teve o lançamento do tema e da cerveja, sendo noticiado em órgãos de imprensa de todo o mundo, o que nos mostrou que a questão da mulher na propaganda é algo mundial”, revela.

E na publicidade, assim como em todos os aspectos da vida, dar voz às mulheres vale a pena. O principal prêmio da publicidade do mundo, o Grand Prix de Cannes teve, no ano passado, seis ganhadores que trataram do tema do empoderamento das mulheres.

Também no jornalismo

Mas o problema da falta da representatividade feminina não acontece somente na publicidade. Em 2013, na Universidade de Nevada, foram pesquisadas  352 matérias de primeira página do jornal The New York Times e se verificou que, dentre os entrevistados, 65% eram homens e apenas 19% eram mulheres (16% se referiam a fontes institucionais). No Brasil, a revista Superinteressante abordou o tema em 2010 e revelou que apenas 25% das fontes eram mulheres.

Pensando nisso, a ONG Think Olga criou o projeto “Entreviste uma mulher”. No site da entidade, jornalistas conseguem fontes mulheres para os mais diversos assuntos. “É necessário que a mídia busque a diversidade, incluindo as mais diferentes perspectivas e pontos de vista, para criar reportagens e análises mais ricas e complexas. E isso não será atingido, se as opiniões de metade da população não forem levadas em conta”, defende o site do Think Olga.

Criado, idealizado e dirigido por Renata Spallicci, extremamente preocupada com a questão das mulheres, neste site, tenta-se equilibrar um pouco as distorções. Em toda a história do site, mais de 70% das fontes foram do sexo feminino e é principalmente para elas que o veículo é voltado.

Nesta Semana Especial das Mulheres, reafirmamos nosso compromisso com a igualdade de gêneros e a força para as mulheres, sempre!

Busque seu propósito. Deixe seu legado.

Rê Spallicci