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Diversidade & Inclusão

O LUGAR DAS MULHERES NAS EMPRESAS.

Conselheira. CEO. Diretora? Quais postos os nossos talentos estão ocupando?

 3 de dezembro de 2020
6 min de leitura

O LUGAR DAS MULHERES NAS EMPRESAS.

Nos conselhos das empresas, nós, mulheres, certamente estamos longe de sermos um número considerável, infelizmente.

Se em altos postos nas empresas – públicas ou privadas – ainda estamos engatinhando, imagine nos tornarmos conselheiras, então…

Ah, mas vamos imaginar, sim. E tratar desse assunto com carinho.

Valorizar o trabalho e o talento feminino está longe de alcançar esse lugar de prestígio por aqui –  nossa triste realidade.

O Brasil parou nos 8,2% no total de mulheres nos conselhos de empresas no País. Isso nos deixa atrás do Japão ultraconservador, com quase 10%, e da Alemanha que, com as cotas e exigências dos investidores, disparou para 32%. 

Nos países onde as mulheres estão finalmente ocupando seus lugares de maneira igualitária aos homens, as cotas agilizaram essas conquistas. Aqui, para variar, elas ainda suscitam polêmicas. Aliás, não só referentes a esse assunto, mas em todos em que  as minorias, por obra e graça da nossa própria história, ainda deverão continuar essa provação e essa busca por algum tempo. Há muitos muros para se derrubar.

Se os conselhos administrativos são a consequência da profissionalização da gestão de negócios, devemos estar afiadas nisso, ou pelo menos, termos vivido algumas experiências nesse sentido, para almejarmos tal desafio. Então, vamos entender como isso funciona, antes de ficarmos só reclamando?

Conselheiro administrativo: um posto para herdeiros, executivos e aposentados?

Conselheiro administrativo: um posto para herdeiros, executivos e aposentados?

Era assim, e muitas empresas ainda adotam esse critério, se aprofundarmos e observarmos com rigor o que acontece no mercado brasileiro, que é o que nos interessa. As mulheres estão avançando algumas casas nesse jogo, claro, e tomando os assentos de CEO, o que é um avanço em meio a tanto retrocesso. E isso já é quase que uma preparação para o papel fundamental de conselheira.  Mas é bom ficarmos atentas para o seguinte: a busca não deve ser tratada, e não tem sido por algumas empresas de destaque, como uma guerra de gênero ou geracional apenas, embora ainda pareça.

A questão agora, que deverá ser cada vez mais crescente, é incorporar aos conselhos profissionais com conhecimentos em tecnologia e inovação. E isso independe, insisto, de sermos mulheres.

Se tivermos que ocupar nossos lugares, como estamos aqui refletindo, é hora de fixarmos nosso aprendizado nesses dois pontos fundamentais que podem, sim, distinguir o nosso talento. Esse momento de aprendizado que a pandemia nos impôs está propenso a isso. Cursos, certificações, autoconhecimento e networking são fundamentais para sonharmos com os pés no chão. E conhecermos as nossas competências, e reconhecermos o nosso potencial, tendo em vista os setores em que já atuamos, é fundamental não só para galgarmos um posto como esse, mas para trilharmos a nossa jornada com sucesso. Não jogue uma experiência fora só porque ela não foi assim tão boa. Os erros do passado também são importantes para iluminar as possibilidades.

Temos muitas barreiras pela frente. Bora enfrentar?

A primeira mulher a ocupar o cargo máximo dentro do Fundo Monetário Internacional (FMI), Cristine Lagarde, preocupada com a desigualdade de gênero no mercado de trabalho, frisou a importância de fortalecer o papel da mulher em instituições financeiras globais: “Em muitos países, há uma série de restrições legais que conspiram contra as mulheres para que elas deixem de ser economicamente ativas”. E acrescentou:  “uma maior presença da mulher no mercado poderia melhorar o desenvolvimento e o crescimento econômico que o mundo busca”.  Mas, mesmo sendo difícil de acreditar, é bom termos claro que a coisa não é simples e, talvez, nem tanto promissora em médio prazo, porque ainda existem 188 estados membros do FMI, que possuem legislações com obstáculos seríssimos no que diz respeito ao trabalho. Igualdade de gênero, se considerado como parte da sustentabilidade das empresas, poderia resultar em um aumento econômico significativo. E um exemplo importante: a Noruega foi o primeiro país a apostar em cotas de gênero, com uma medida que estipulava que, pelos menos, 40% das vagas nas companhias públicas deveriam ser ocupadas por mulheres. E atrás desse país, outros também seguiram essa tendência (quiçá chegue por aqui)…  França, Espanha e Holanda se inspiraram nessa proposta.                            

Para pensarmos juntas: um conselho de empresa com 10 e 11 integrantes, 3 mulheres seria o número mínimo para que pudesse ser chamado de “diverso”. Estamos longe disso – no Brasil, quase 53% das empresas listadas têm uma mulher, mas só 4% têm 3 ou mais nos seus conselhos, nos revela a professora no IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, Angela Donaggio.

Sem querer fixar o assunto num tratado sobre gênero, mas sem me esquecer desse entrave, a análise da professora nos faz refletir sobre algo importante: “…. uma mulher é melhor que nenhuma mulher, porque ela abre portas para outras. Quando a mulher é vista como igual, ela põe abaixo os vieses inconscientes dos homens”, arremata. Muito além do talento, da disposição, do tempo, da consciência sobre a necessidade de atuarmos nessas frentes, precisamos criar uma “inteligência coletiva e diversa nos negócios”, como afirma a professora Donaggio. E,  para isso, precisamos nos preparar! E claro, estarmos juntas nessa busca.

Fazer parte do conselho de empresas é um sonho que tenho para o futuro, mas tenho a certeza de que, além de buscar essa maior representatividade para nós, mulheres, preciso buscar as competências e habilidades necessárias. Estou fazendo a minha parte e terei todo o orgulho do mundo de ajudar a abrir esse caminho para mais e mais mulheres!


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Rê Spallicci