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Diversidade & Inclusão

Por que diversidade e inclusividade são essenciais a uma organização?

Incluir o que é verdadeiramente diferente é uma opção que nós podemos fazer.

 3 de agosto de 2021
6 min de leitura

Por que diversidade e inclusividade

Por Monalisa Gomes

Quem não abre as portas de sua empresa para a diversidade e a inovação — isto é, trazer pessoas diferentes e na maior quantidade possível —, perde. Perde em oportunidade de ser um agente de transformação, perde em oportunidade de ser um vetor de novas ideias, com grande potencial disruptivo e de inovação, e perde a chance de criar estima e valor aos olhos do público.

Se você se questiona por que é tão importante estar atento a isso, eu quero lhe fazer uma pergunta, antes de prosseguir com o texto: Nos últimos dez anos, que mudanças você viu na sociedade? Dez anos atrás, você via minorias se expressarem tão abertamente, terem tantas reivindicações atendidas e tantos direitos conquistados? Serem tão representados na mídia?

As mudanças conquistadas vêm das coisas mais simples às mais complexas. Por exemplo, na arte: se na década de 2000 o grande herói dos cinemas foi o Homem de Ferro, na década passada tivemos uma heroína — a Mulher Maravilha — e um herói negro — o Pantera Negra. Pode parecer um exemplo bobo, mas essa mudança radical não passou despercebida pelos observadores da indústria. Segundo esta matéria da Indie Wire, publicação especializada no mundo de Hollywood, o veredito é categórico: não há mais desculpas para a diversidade não dominar a indústria.

O mesmo pode ser dito do mundo corporativo.

Quem ganha com a diversidade e a inclusão?

A resposta mais imediata a esta pergunta é também a mais verdadeira: todos ganham com a diversidade e a inclusão. Não apenas as pessoas que estão dentro da empresa, mas também aqueles que estão do lado de fora.

Primeiro, é preciso perceber a diferença básica que existe entre “diversidade” e “inclusão”. A diversidade é uma realidade: nós todos somos diferentes — somos “diversos” por uma realidade da própria natureza.

Porém, a questão da inclusão pertence à esfera das escolhas. Incluir o que é verdadeiramente diferente é uma opção que nós podemos fazer. E no instante em que começarmos a incluir mais e mais pessoas, mais e mais vantagens vão surgindo.

A primeira e mais imediata é na questão da representatividade. Infelizmente, ainda estamos num mundo que, por mais que entenda a necessidade de normalizarmos a diversidade dentro da nossa sociedade, ainda falta muito para concretizarmos esse objetivo. Muitas empresas ainda estão bem abaixo do mínimo aceitável: segundo uma pesquisa da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), uma taxa de “diversidade suficiente” seria de 21,24% — e a maior parte das empresas não cumpre.

Isso significa que várias pessoas com experiências e formas de ver e interpretar o mundo são excluídas da força de trabalho — e várias empresas é que deixam de se beneficiar com isso. Segundo a Forbes, empresas que apostam na diversidade de gênero, por exemplo, superam  suas concorrentes em performance em até 15%. Na mesma matéria, a revista oferece outro dado, ainda mais impactante: aqueles que apostam na diversidade étnica superam seus concorrentes em 35%.

A diversidade e a inclusão são rotas certas para o sucesso

O mais interessante é perceber que, na realidade, o próprio ato de agregar mais diversidade já é um fato que revela estatisticamente maiores chances de a organização obter sucesso. Segundo uma pesquisa realizada pela McKinsey, a proporção de diversidade encontrada numa organização é uma das maneiras mais sólidas de fazer análise preditiva a respeito do sucesso de uma empresa. Como informado num estudo publicado em 2020:

Empresas com mais de 30% de mulheres em cargos executivos são mais propensas a superar empresas onde essa porcentagem se encontra entre os 10 e os 30%. Da mesma maneira, empresas com mais representatividade de mulheres em cargos executivos também superam aquelas que têm menos de 10% de mulheres nesses cargos — ou que não têm mulheres de forma alguma. Há uma diferença substancial de análise preditiva — cerca de 48% — entre empresas com muita diversidade de gênero e pouca diversidade de gênero.

Ainda segundo o mesmo estudo, essa vantagem preditiva também se consolida, quando a diversidade em questão é de raças.

Mas por que essas vantagens existem?

Há uma série de razões para esses êxitos no instante da contratação de pessoas mais diversas. A Great Place to Work divulgou dados muito interessantes sobre o tipo de comportamentos apresentados por pessoas de backgrounds mais diversos em relação à normatividade social. Segundo ela, funcionários que trabalham em organizações cuja cultura privilegia o diferente são:

  • 9,8× mais propensos a se animarem para o trabalho;
  • 6,3× mais propensos a se orgulharem das companhias para as quais trabalham;
  • 5,4× mais propensos a permanecerem mais tempo nessas empresas.

É claro que todos esses aspectos  influenciam de maneira significativa na produtividade e na qualidade dos serviços prestados. Isso sem contar que, devido a pessoas com ideias mais diferentes sobre a vida e sobre a sociedade em geral, locais diversos são verdadeiros berços de inovações. As perspectivas diferentes sobre o mundo abrem caminhos para resolver problemas, criar oportunidades inovadoras e gerar ideias disruptivas — o que é muito benéfico.

Pelos motivos expostos é  que precisamos abrir as portas de nossas empresas. Não se trata só de transformar a sociedade, mas de ampliar os horizontes de cada organização e dar espaço para o surgimento do novo, porque é só pelo novo que podemos progredir verdadeiramente.Leia também:

Monalisa Gomes

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André Antunes Soares de Camargo

Sócio de TozziniFreire Advogados na área Corporate, com foco em M&A e governança corporativa. Pós-doutorado (professor visitante) na Universidade de St. Gallen, Suíça. Doutor em Direito Comercial pela USP. Professor universitário há 20 anos nos temas de direito empresarial, governança corporativa e ética empresarial. Vice-Presidente e cocoordenador da Comissão ESG desde 2019. Autor de artigos, capítulos de livros e de três livros, dentre os quais “Regulação Internacional da Governança Corporativa e do Compliance” (2021), da Ed. Thomson Reuters.