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Saúde

Diabetes infantil – conheça a história do Pai Pâncreas

Conheça a história de um pai que, por amor ao filho, criou um sistema de “pâncreas artificial”.

 26 de novembro de 2019
8 min de leitura



No dia 14 de novembro, celebra-se o Dia Mundial da Diabetes, e eu fiz uma matéria supercompleta aqui no blog sobre o tema! E, enquanto eu estava pesquisando para fazer o artigo, me deparei com uma história fantástica e pensei: opa, mas isso aqui merece um artigo especial!

Por isso, hoje volto ao tema trazendo esta história maravilhosa do Thiago Mota, o Pai Pâncreas… “Pai Pâncreas, Rê?” Sim, você logo entenderá por quê!

Uma descoberta assustadora

Benício tinha três anos e meio quando Thiago começou a achar estranhos alguns dos seus comportamentos. Já sem usar fraldas e sem fazer xixi na cama há um bom tempo, Benício, em uma só semana, molhara a cama duas vezes… Nesse mesmo período, começou a reclamar de sede muitas vezes ao dia.

“Fui lá no Dr. Google e coloquei os sintomas e surgiu: diabetes tipo 1. Nem sabia que existia este tipo de diabetes e muito menos que crianças podiam ter. Ainda mais que meu filho tinha uma alimentação saudável, era magro…  Então, fiquei  com isso na cabeça.”

No dia seguinte, eles estavam em uma pizzaria, e o pequeno novamente reclamou de sede. Ao voltar, Thiago passou em uma farmácia e comprou um teste de glicose. “Primeiro fiz em mim mesmo. Furei meu dedo um montão de vezes até acertar, e meu resultado deu por volta de cento. Fiz no Benício e deu HIGH… Assustei e corri com ele para o hospital. Chegando lá, fizeram novo teste de glicose e o valor passou de 500, sendo que o considerado ideal é de, no máximo, 99mg/dL.”

Benício ficou um dia internado. Foi um momento assustador pra família. “A gente não sabia se realmente era diabetes, se era um câncer, se ele ia morrer… Um momento terrível”, relembra o pai.

“No dia seguinte à saída da internação, fomos a uma médica endocrinologista que tinha um bom conhecimento sobre diabetes infantil, diagnosticou corretamente e já nos deu direcionamento mais preciso de uso de insulina, contagem de carboidrato. Mas este foi somente o início de nossa história”, relembra.

Adaptação à  nova vida

Ter um filho com diabetes muda bastante a rotina dos pais. Afinal, é essencial controlar constantemente a glicemia, a alimentação e dobrar a atenção a tudo  que se refere à criança.

Deve-se aprender a lidar com uma média de cinco aplicações de insulina e oito medições de glicose diariamente.


A diabetes tipo 1 acomete principalmente crianças e adolescentes, e é uma das doenças endócrinas e metabólicas mais comuns entre menores de 14 anos, de acordo com estudo divulgado no início de janeiro pela Federação Internacional de Diabetes, que revelou também crescimento de, pelo menos 3%, no número de casos registrados no mundo anualmente.

A doença ainda intriga os especialistas, que não descobriram o fator que desencadeia o diabetes tipo 1. Sabe-se, no entanto, que é uma enfermidade autoimune. Por alguma razão ainda ignorada, o sistema imunológico do indivíduo passa a não reconhecer as células produtoras de insulina (hormônio responsável por regular o metabolismo da glicose no organismo) e as elimina do pâncreas. O resultado da ausência de insulina são níveis elevados de glicose no sangue, o que leva o paciente a um quadro de diabetes tipo 1.

E assim aconteceu com a família de Thiago. Todos se adaptaram à nova rotina e, nos primeiros seis meses, as coisas foram se acertando. Ele passou a usar um aparelho que monitora a diabetes sem precisar furar o dedo. Um equipamento que fica no braço da criança e, ao encostar um dispositivo nele, ele dá o valor da glicemia.

“Apesar de ser bem melhor do que ter que furar o dedo, ele necessita que um adulto esteja sempre atento para, de tempos em tempos, encostar o dispositivo para fazer a leitura. Enquanto ele estava em casa, ok, mas, quando foi para a escola, esse controle passou a não ser feito tão corretamente, o que o levou a  dois episódios sérios de hipoglicemia”, conta  o pai.

Naquele momento, Thiago tomou uma decisão: “Ou eu vou arrumar um jeito de monitorar  meu filho, ou ele não irá mais à escola. Eu não posso deixá-lo exposto a esse risco”, pensou. 

Liberdade pela tecnologia

Tendo familiaridade com tecnologia, ele passou a pesquisar como poderia fazer o monitoramento de forma mais automatizada. E  descobriu um sistema que algumas pessoas nos Estados Unidos e Europa já utilizavam, e que possibilitava o controle de forma remota. “Eram sistemas que ainda não temos no Brasil, e que as pessoas montavam por conta própria, acoplando diversos devices, no melhor estilo ‘faça você mesmo’. Comprei o que precisava em segunda mão em um site de compra eletrônica e montei tudo. Por meio de um relógio que mandava informação pra nuvem, eu comecei a ter, a cada cinco minutos em meu celular, o monitoramento da glicose do Benício. Era ainda algo rudimentar, que precisava carregar a bateria a cada seis horas, mas já um grande avanço”, explica.

Aprofundando mais no assunto, Thiago descobriu que o mesmo App que monitorava a glicose, poderia ser acoplado a uma bomba de insulina, para que, então, pudesse controlar a aplicação ou não do medicamento.

“Nesse mesmo período, surgiu o MiaoMiao, um dispositivo que fica 14 dias direto no braço sem precisar carregar e aí, usando a meu conhecimento de tecnologia, comecei a fazer uma integração entre a bomba de insulina, o MiaoMiao e o monitoramento, tudo pelo Android do celular. Mas algo totalmente por conta própria mesmo.”

Em resumo, com o sistema que criou, Thiago consegue monitorar a glicemia do filho a distância, e o próprio sistema reconhece a necessidade de insulina. Por SMS,  Thiago consegue enviar insulina para o filho automaticamente de qualquer lugar. Ou seja, pelo celular, o Thiago virou o pâncreas do Benício, daí Pai Pâncreas, entenderam? rs  

Sabendo do sufoco que pais como ele passam, Thiago criou  uma conta no Instagram, o @paipancreas, por meio do qual  ajuda as pessoas a criarem seus dispositivos. “Já ensinei muita gente a criar seus dispositivos e até mesmo alguns médicos já estão nas minhas comunidades no WhatsApp, que conta com mais de 250 pessoas”, revela.

“Nós não estamos esperando”

Os custos e o acesso ao conhecimento tecnológico ainda são um entrave para Thiago e todos os pais que sofrem com seus filhos que têm diabetes, mas, como diz se diz na  comunidade da qual Thiago faz parte: “Nós não estamos esperando”. “A gente não ficou de braços cruzados esperando que a indústria criasse algo e o governo regulamentasse. Fomos à luta, compartilhando e dividindo conhecimento para tornar a vida dos nossos filhos melhor”, conta.

Gente, acho que foi isso que mais me encantou na história do Thiago! A gente sabe o quanto a internet produziu coisas ruins, discursos de ódio, mas nos esquecemos de ver o quanto também uniu pessoas para fazer o bem, para buscar curas e vidas melhores! A iniciativa desse pessoal me emociona e me faz acreditar na possibilidade de um mundo conectado para o bem e para a evolução da humanidade!

Espero que tenham gostado tanto quanto eu da história do Thiago e vou compartilhar com vocês os links onde ele explica detalhadamente todo o processo de montagem do sistema.

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