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Saúde

A luta em defesa das vacinas

As vacinas, de um modo geral, também sofrem com as fake news. Mas elas vêm provando que são mais do que necessárias e eficazes.

 15 de outubro de 2020
7 min de leitura

A luta em defesa das vacinas

As vacinas são uma descoberta importante da ciência-  não há como negar! Mas, por incrível que pareça, não são todos que pensam assim… e isso não vem de hoje!

Em um momento no qual o mundo inteiro busca desesperadamente por uma vacina eficaz que possa controlar a pandemia do coronavírus, temos de nos deparar com correntes que são contra a vacinação e que colocam em dúvida  sua eficácia!

Uma história que se repete

Uma história que se repete

Mas essa história de vacinar ou não vacinar não é de hoje. Aqui, no Brasil, em meados de 1904, tivemos a revolta da vacina antivaríola. O governo havia instituído uma campanha obrigatória, mas boa parte do povo não aceitava o que não conhecia. Houve protesto no Rio de Janeiro, com passeatas, quebradeira e incêndios. E o governo não teve saída, cedeu e revogou a obrigatoriedade.

Na Inglaterra, em 1982, os antivacinistas diziam que as vacinas poderiam causar autismo, meningite infecciosa, diabetes, esclerose múltipla, contrair a própria doença para a qual foram indicadas, danos neurológicos, efeitos colaterais, baixa imunidade, etc, etc.

A vacina da vez, e que gerou essa polêmica, foi a DTP – a tríplice bacteriana.

E, alguns anos depois, em 1998, em Londres, um estudo antivacinista forjado dizia que a MMR, a tríplice viral, poderia desenvolver autismo. Outra fraude comprovada, envolvendo um médico que teve sua licença cassada.

Mesmo assim, o medo, algo que também se propaga como um vírus, perdurou em Londres até os anos 2002, quando aquela cidade viveu um surto de sarampo e caxumba com sequelas e até morte.

E a Califórnia viveu igualmente o seu momento  antivacinista contra a coqueluche, em 2010, registrando quase 9.500 casos no Estado, gerando  perto de 48.500 em todos os Estados Unidos.

O antivacinismo é mais antigo do que se pensa.

Em 1874, a heroína foi sintetizada pela Bayer e prescrita para acabar com a dependência de morfina e cocaína e, na verdade, ela poderia provocar maior dependência.

A Talidomida, descoberta em 1954 para aplacar enjoos matinais nas mulheres grávidas, causou uma grande tragédia: a malformação e a morte de milhares de fetos.

Depois disso, ainda vieram dezenas de outras polêmicas como a da BCG, a VOP (Gotinha), a da febre amarela, a tríplice viral, a vacina contra o HPV, enfim, vacinas sempre geraram e,  ao que parece, continuarão a gerar controvérsias.

Mas a ciência comprova por meio  de dados que as vacinas são, a princípio, as maiores aliadas da saúde pública. Principalmente se pensarmos que até os que não tiveram acesso à vacinação podem se beneficiar indiretamente delas, porque o princípio é um só: evitar a propagação e controlar as doenças. 

Covid 19 – a pesquisa é ininterrupta, urgente e mundial, mas esta pandemia está mudando até o modo de atuação das empresas.

Enquanto estamos em 2020, o assunto é a pandemia, não tem jeito. E foi por isso que dei um en passant histórico rápido sobre as vacinas em geral, pra gente poder entrar nesse assunto da vacina mais pesquisada e esperada do mundo atualmente.

A “Sputnik V” que a Rússia aprovou recentemente para a não transmissão da Covid 19, já está gerando polêmicas também, e os ativistas antivacinistas propagam a sua não utilização, fazendo com que um grande número de pessoas não aceite a imunização.

Pelo menos um terço dos americanos afirma, ainda hoje, não ter interesse em tomar uma vacina contra Covid-19, mesmo se ela for barata ou sem custo. Essa atitude antivacinista também está acontecendo no Reino Unido, França e em outros países.

Assim, , é preciso mais do que somente divulgar os benefícios de uma vacina, conscientizar as populações. Alguns líderes defendem que o avanço da adesão só acontecerá se as pessoas tiverem a capacidade de obter, processar e compreender informações e serviços básicos de saúde para tomar decisões mais apropriadas. É preciso construir confiança em relação às vacinas.

A Mastercard, a Apple e o Google, por exemplo, estão comunicando aos seus colaboradores que a reabertura total de seus locais de trabalho depende do sucesso de uma vacina para Covid-19. Dessa forma, elas demonstram a necessidade de outras empresas se unirem nesse esforço para dissipar o medo, a desconfiança, e, principalmente agora, a desinformação sobre as vacinas Covid-19.

Uma pandemia como esta que estamos enfrentando, é tanto uma emergência em matéria de comunicação, quanto uma crise médica*.

O que é bastante preocupante sobre essa questão é que há um ano, quando ainda não havia a COVID 19, a OMS citou essa indecisão sobre aceitar a vacinação como uma das principais ameaças à saúde global.

Mesmo antes de uma vacina ser aprovada, os líderes nacionais e estaduais precisam e devem envolver uma rede de comunicação local eficaz com a população, sobre riscos, benefícios e disponibilidade. E, nesse sentido, a comunidade empresarial também deve e pode desempenhar um relevante papel,

Para neutralizar os ruídos e sentimentos antivacina, os maiores empregadores do mundo, as grandes empresas, devem apoiar com recursos, através de suas marcas, campanhas de bom senso e informação com rigor científico para promover a aceitação pública.

E tais campanhas deveriam começar já!

A meu ver, os renomados empresários deveriam fazer parcerias e investir no desenvolvimento e na implantação de tecnologias que medissem e verificassem a cobertura, por exemplo, de cada vacina específica.

A iniciativa CONVINCE, recentemente lançada nos EUA, propõe trabalhar com governos e ONGs para desenvolver, implementar e avaliar campanhas globais que ajudem a promover uma “alfabetização” sobre vacinas.

Aqui no Brasil, torcemos para que todos os setores envolvidos diretamente com a saúde da população, sejam públicos ou particulares, governamentais ou não, se juntem numa ação de grande porte, na qual a vacina de prevenção à COVID 19 surja mais forte do que os movimentos antivacina, e ajudem a evitar as polêmicas antes mesmo delas serem liberadas.

No caso de qualquer vacina e, agora principalmente, na urgência com que precisamos de uma para imunizar a todos contra a COVID 19, é hora de estarmos juntos para esclarecer, conscientizar e fortalecer a informação precisa para evitar mal-entendidos e as tais fake news.

Vamos fazer a nossa parte.

E continuem se cuidando!

 *Dados do Serviço de Inteligência Epidêmica dos Centros de Controle e Prevenção dos EUA

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Rê Spallicci