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Carreira

É a hora do coletivo?

Serviços de compartilhamento são um caminho sem volta em um mundo cada vez mais coletivo

 22 de outubro de 2020
7 min de leitura

É a hora do coletivo?

Não sei se você já notou, mas a mudança agora é cultural: não é preciso ter para usufruir. A pandemia reforçou a necessidade do compartilhamento, o espírito comunitário e, que bom, valorizou o coletivo.

Tudo está sendo repensado, e uma nova economia vem se instalando e modificando o cenário mundial muito mais rapidamente do que o previsto.

Uns chamam de economia compartilhada, mas outros nem perceberam a importância do que está acontecendo.

A gente sabe que muitos serviços e bens compartilhados já foram instituídos há algum tempo. Mas, em vários casos, o crescimento da oferta demandou um aprimoramento das tecnologias, e esse novo sistema já está entre nós.

Aplicativos revolucionários

Aplicativos revolucionários

O Uber revolucionou o mercado de transporte, oferecendo um serviço de qualidade a preço mais acessível que os táxis, trazendo um novo conceito de mobilidade humana. Daí para o Bla-Bla-Car foi um pulo. A moçada se adaptou logo ao aplicativo de longas distâncias – uma carona com custos divididos e com o perfil do condutor aprovado pela plataforma.

E o sucesso do Airbnb? O app de hospedagem mais famoso do mundo já está em quase 200 países, com o acesso pela tela do computador, tablet ou celular. Você pode ser hóspede ou até alugar uma casa/ apartamento por um período, em qualquer capital do mundo, pra se sentir como se estivesse em casa. Nesse caso, tanto você, quanto quem hospeda, também têm as reputações avaliadas pela plataforma, e o pagamento é feito por meio de cartão de crédito, sem burocracias. E, por causa do coronavírus, surgiu mais um fenômeno ligado a esse app: as pessoas estão alugando suas casas para outras que querem apenas trocar de ares! O confinamento da família dentro de um mesmo ambiente, por tanto tempo, tem provocado fobias, estresse e uma variedade de situações que, muitas vezes, obrigam os moradores a buscarem alternativas na própria cidade, apenas por um tempo, para aliviar o mal-estar.

Assim como o Airbnb que oferece a totalidade da casa, há também o couchsurfing, com uma pegada mais freestyle: pode ser apenas o sofá ou até um quarto, por apenas uma pequena taxa de serviço. Para o público jovem, com certeza, é uma bela alternativa, concorda?

E daí para uma série de outros aplicativos é só dar uma busca e pronto: tem o Doghero, que conta com a generosidade de um vizinho, que também tem um pet e pode ficar com o seu enquanto você viaja. E você pode não saber ainda, mas se liga nessa dica: já inventaram o Armário Compartilhado, para os festeiros mais conscientes – você aluga suas roupas de festa para casamentos, formaturas, e outras,  por um preço mais acessível do que pagaria em uma loja de aluguel de trajes ou muito menos do que gastaria comprando uma roupa nova… E ainda engrossa a corrente do consumo consciente.

O compartilhamento é cada vez mais necessário

A pandemia também trouxe algumas outras oportunidades, além desses apps que a maioria de nós já ouviu falar ou até mesmo usufruiu.

Desde agosto passado, a MoObie, uma plataforma de compartilhamento de carros, a maior da América Latina, está conectando pessoas que querem compartilhar seus carros. O serviço inclui seguro e é o ideal para quem utiliza pouco o próprio veículo.

Muitos médicos, por exemplo, que utilizavam o metrô ou o Uber, por se sentirem mais seguros, preferiram alugar de alguém que, por força das circunstâncias precisa ficar isolado em casa mesmo. O custo é bem mais razoável do que nas locadoras de veículos. Acho que vale a pena conferir.

A economia compartilhada surgiu com a recessão lá nos EUA, por volta de 2008, e agora é tendência mundial. E assim começaram a existir as salas compartilhadas por empresas, o famoso coworking. Por aqui demorou um pouco mais a pegar, mas hoje existem mais de 500 espaços desses, a maioria em São Paulo. Além de reduzir custos, Tal forma de compartilhamento também gera negócios, porque as empresas trocam experiências e expertises exatamente por estarem próximas. 

Até um jantar é possível compartilhar, fora do restaurante. Um chef bacana faz um cardápio especial na casa dele, e você vai com um grupo de amigos ou aceita mesmo a companhia de desconhecidos para ampliar conhecimento, fazer um programa diferente do habitual e conhecer novas pessoas.

Um modelo que veio para ficar

Compartilhar recursos, segundo Iza Dezon, consultora e professora de um curso de Coolhunting e pesquisas de macrotendências da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado), com o surgimento da pandemia, tem ficado mais complicado, em alguns setores. Mas ela afirma que economia compartilhada vem da ideia de que, se nós unirmos forças, teremos capacidade de fazer mudanças mais consistentes. “Vem dessa crença de que eu mais você somos capazes de fazer coisas que não conseguiríamos sozinhos”, explica.

E esse novo sistema ainda tem muito espaço para crescer com a crise, exatamente por estarmos em um momento de repensar nossos valores como comunidade, diz a especialista. Apesar de ela considerar que o Uber e o Airbnb não são tão mais representativos dessa economia, e sim, velhas formas adaptadas aos aplicativos.

Por falar em adaptação, os professores das escolas e universidades já se acostumaram às aulas on-line, a um grande custo e sacrifício, mas eles sabem que isso não tem retorno. Práticas físicas e mentais de todo o tipo também já são compartilhadas no digital, em virtude do isolamento.

Enfim, o que fica disso tudo é um novo modo de convivermos, de colaborarmos uns com os outros, de humanizarmos as nossas relações, apesar do distanciamento, de valorizar o capital humano e de reconhecer que estamos em processo de transformação.

Agora é pra valer: ou nos tornamos um mundo economicamente mais sustentável e mais solidário, ou precisaremos nos reinventar como seres humanos. 

Eu acredito na primeira hipótese! Adoraria saber o que você acha de tudo isso. 😉

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Rê Spallicci