x

Localizar no site




Carnaval

Barroca Zona Sul: 46 anos de alegrias e histórias

Minha homenagem à faculdade do samba, onde tenho a honra de ser Rainha de Bateria

 8 de agosto de 2020
9 min de leitura

Barroca Zona Sul: 46 anos de alegrias e histórias

Gente! Hoje é um dia superespecial! A minha verde e rosa, Barroca da Zona Sul, completa mais um ano de história. Sabem? Eu sinto uma honra gigante de ser rainha da Barroca e de conviver com esta comunidade tão fantástica. Tenho orgulho pela tradição da escola e por sua história de resiliência e superação…

Eu sou ainda uma novata no samba, e a Barroca vem sendo minha verdadeira faculdade (aliás, ela é a Faculdade do Samba). Tenho aprendido demais com muita gente de lá, e hoje, nesse aniversário da Barroca, quero aproveitar para compartilhar um pouco da história dessa gigante e alguns pontos superinteressantes sobre a tradição da escola… Vamos lá?

A história viva da Barroca

A história viva da Barroca
Foto: André Murrer

Eu já comentei outras vezes aqui com vocês o quanto eu me identifiquei com o Cebola, o presidente da Barroca. Desde nosso primeiro papo, a gente se deu superbem e ele me recebeu na escola com um carinho incrível. E ele é um cara que merece todo o sucesso que vem alcançando na escola, porque dá o sangue pela Barroca e é uma pessoa super do bem e megacompetente.

Mas, além dele e de toda a diretoria da escola, se há uma pessoa que merece toda a minha gratidão entre as tantas que me receberam com carinho e amor desde o meu primeiro dia na Escola, essa pessoa é a Sueli, nossa presidente da ala da Velha Guarda e uma verdadeira estrela da Barroca…

E é uma delícia ouvi-la contando dos primórdios da Barroca lá no ano de 1974… “A Fundação da Barroca se deu na Padre Machado, na casa do Pé Rachado. Eles ensaiavam num campo de futebol, na esquina de casa, e desde os primeiros momentos da escola eu me apaixonei por ela. Apesar de ter sido criada na Mocidade Alegre, que era a escola do meu pai, ter uma escola ali do ladinho de casa, onde conhecia todo mundo, era um amor especial”.

Para quem não conhece quem é Pé rachado, vale aqui uma explicação: Sebastião Eduardo do Amaral, o Pé Rachado, foi o fundador da Barroca. Ele sempre foi uma lenda do carnaval paulistano. Foi presidente da Vai-Vai, passou pela diretoria das escolas “Camisa Verde e Branco” e “Nenê da Vila Matilde”, além de ser amigo do inesquecível Cartola, da Mangueira, do Rio de Janeiro.

Aliás, foi justamente o Cartola quem o incentivou a fundar a Barroca e, por isso, as cores verde e rosa que homenageiam a escola madrinha, a Mangueira.

Mas vamos voltar à história de Sueli. Ela conta que seu pai, apesar de frequentar a Mocidade Alegre, não queria que suas filhas desfilassem em escola nenhuma. “O que fez então minha mãe? Formou uma ala com o pessoal do bairro, e nós saímos na Barroca. Depois disso, eu e minha irmã passamos a ser passistas, até 1986. E  até 1992 fui destaque de chão, depois entrei para a harmonia. Fui diretora de harmonia e agora presidente da Velha Guarda”, relata.

Mas, para Sueli, a relação com a escola vai muito além dos cargos que ocupou. Afinal, o relacionamento dela com a Barroca é algo maternal. “A Barroca é a minha filha! Tenho 62 anos, a Barroca está fazendo 46, e ela é a minha filha. Por quem sofro, por quem luto, por quem vibro. Isso é amor. Só quem entende  é  Barroquense ativo! Aquele que tá no dia a dia, na luta! E essa é a minha vida”, resume.

Sueli relembra dos momentos de dificuldade da escola, das quadras perdidas e conquistadas, das derrotas, das vitórias, da perda de amigos que ficaram pelo caminho. “Cada componente dos antigos que se vai é um pedaço da nossa história que fica para trás, e isso é muito triste”, comenta.

Seu grande sonho para a Barroca? “Que a escola galgue os primeiros lugares! As escolas de torcida, e as que contam com patrocínio têm mais força financeira, mas só quem chegou no grupo A2 e voltou à divisão especial sabe o que é fazer carnaval sem dinheiro. Então, eu acredito! Uma mãe quer tudo de bom para um filho, e é isso que eu desejo para a Barroca: que ela se supere sempre e que seja esse lugar de amigos queridos, de brigas e de convergências, de amor, amor de família.”    

A guardiã do Pavilhão

A guardiã do Pavilhão
Foto: André Murrer

Se, de um lado, quis compartilhar com vocês a história da Sueli, que é uma parte viva da história da Barroca, do outro, quero falar de outra querida que, apesar de ter pouco tempo de escola, carrega um dos seus principais símbolos. Sim, estou falando da Lenita, nossa primeira porta-bandeira.

Uma das coisas que muito me fascinou, ao conhecer mais sobre a tradição das escolas de samba, foi conhecer a importância do pavilhão da entidade.

E ninguém melhor do que a nossa porta-bandeira para ensinar sobre ele: “Dentre as muitas tradições que as escolas de samba têm, sem dúvida, o pavilhão é a principal. Sem o pavilhão uma escola não pode existir. Ele nos conta a história da escola desde sua fundação. O manto em si é o símbolo máximo de cada agremiação. A partir do momento em que é exposto ou ostentado deve de ser respeitado como realeza, entregue para cumprimentar somente as pessoas de honra da escola e/ou seus convidados. E não se cumprimenta de short, bermuda, boné, tomando cerveja, portando cigarros,  pois ali ele é o Rei da Casa…  puxa a escola e a enaltece, levando o nome, as cores e a garra”.

Há seis anos na Barroca, com uma primeira passagem de cinco anos e agora de volta à escola, faz um ano, a Lenita é a guardiã desse símbolo máximo, o que ela define como um prazer ilimitado. “Tento explicar com palavras mesmo sendo difícil, pois ser guardiã do pavilhão é uma honra imensurável. É ter depositada em você a confiança de representar uma legião inteira de amantes dessa entidade. Não é uma bandeira. É o nome, a história,  a alegria e a tristeza, são as vitórias e derrotas, risos e choros, enfim momentos da vida de muitas pessoas ! Eu me sinto privilegiada e honrada  por carregar tantas histórias lindas da Faculdade junto a meu manto.”

E complementa: “A barroca me deu oportunidade de ser a porta-bandeira que sou. Me pegaram, me lapidaram e me confiaram tal cargo. Me ensinaram a ser sambista e me deram uma família. Se não fosse a Barroca, eu não seria no mundo do samba quem sou. Eu digo que não nasci no meio de gente bamba, mais me tornei uma sambista, pois a Faculdade, como diz o seu nome, me ensinou… E eu me graduei com méritos ! A Barroca representa muito para minha pessoa e para minha história”.

Eu me arrepio a ver histórias tão lindas como a da Sueli e da Lenita e tenho muito orgulho de saber que eu também estou construindo a minha história dentro de uma agremiação tão especial e de tantas tradições.

Em tempos de distanciamento social, infelizmente não poderemos comemorar esta data como gostaríamos, na quadra, todos juntos, sambando, cantando, nos abraçando e celebrando. Mas, no dia 30 deste mês, teremos uma Live especial para nos reunirmos, pelo menos, virtualmente.

Convite da Live

“Não vemos a hora de o hino tocar, a bateria subir e nosso manto rodar. Sentir o calor da comunidade, da quadra,  e escutar aquele sambão que faz nosso coração pulsar!”, disse a Lenita!

E faço das palavras dela as minhas. E para que, apesar da distância, possamos estar mais perto, hoje fiz este texto para demonstrar toda a minha gratidão pela nossa faculdade! E colhi depoimentos de pessoas incríveis que fazem a Barroca ser o que é! Gratidão, Barroca, por me acolher e me ensinar tanto!

Confira o vídeo que preparei com todo o carinho para vocês

Leia também:

História e tradição no carnaval da Barroca 2020

O que é ser uma rainha de bateria

Que orgulho! Sou a nova rainha da Barroca da Zona Sul

Busque seu propósito. Deixe o seu legado

Rê Spallicci