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Carnaval

História e tradição no carnaval da Barroca 2020

Conheça a história de resiliência da Barroca da Zona Sul

 20 de fevereiro de 2020
6 min de leitura

História e tradição no carnaval da Barroca 2020

Gente! Amanhã é o grande dia! Às 23h15, a Barroca abre o Carnaval de São Paulo! E a gente vai para a Avenida com toda a garra para mostrar o resultado de um ano de muito trabalho.

Vocês não imaginam o quanto eu estou feliz e honrada por ser a rainha de bateria de uma escola da tradição da Barroca, principalmente em um ano tão especial, quando a escola volta à elite do Carnaval, depois de ficar 15 anos longe!

E sabe? Nesses  meses de convívio com a escola, fui conhecendo bem  a história da Barroca e a cada dia me apaixonando mais!

Por isso, hoje, resolvi compartilhar com vocês um pouco da jornada desta escola que esteve no fundo do poço, mas que ressurgiu para brilhar novamente e com um samba que tem tudo para dar o que falar! Vamos lá?

A história da Barroca não pode ser contada sem falarmos em Sebastião Eduardo do Amaral, o Pé Rachado. Baluarte do carnaval paulistano, foi presidente da Vai-Vai, passou pela diretoria das escolas “Camisa Verde e Branco” e “Nenê da Vila Matilde”, além de ser amigo do lendário Cartola, da Mangueira, do Rio de Janeiro.

E foi o amigo Cartola quem o incentivou a fundar, em 1974, a própria escola, no bairro de Vila Mariana. Nascia ali a Barroca da Zona Sul com as cores de sua escola madrinha, a Mangueira, e com o nome que homenageava o campo de futebol de terra batida do time do bairro local.

Com muito conhecimento no carnaval paulistano, Pé Rachado logo trouxe os principais nomes para a sua nova escola e, em apenas dois anos, a nova agremiação já desfilava entre as principais escolas de São Paulo.

Diz a lenda que foi neste início de vida que a escola ganhou o apelido que depois  incorporaria ao seu nome, a Faculdade do samba. Como a escola contava com muitas pessoas de destaque no carnaval da cidade, os próprios membros de outras escolas começaram a brincar e a dizer: “Mas isso não é uma escola de samba, é uma faculdade”. O apelido pegou e, na década de 1980, a escola incorporou o título ao seu nome oficial: Sociedade Recreativa Cultural Social Esportiva Beneficente Faculdade do Samba Barroca Zona Sul.

Ano de glória e declínio

Após anos de glória e de muitas vezes figurar entre as melhores escolas de São Paulo, apesar de nunca ter conquistado o título, a Barroca viveu nos meados dos anos 2000 o seu pior momento.

Um último lugar em 2005 fez com que a escola fosse para o grupo de acesso e, após sucessivos anos sem conseguir subir, mergulhou em problemas internos e chegou a disputar a 2ª UESP, o que equivaleria à quarta divisão do Carnaval de São Paulo.

No entanto, em 2014, a história começou a mudar. Com a eleição de uma nova diretoria, capitaneada por Ewerton Cebola, presidente, e os diretores Fernando Godoy e Marcos Paulo, a escola se reorganizou e foi galgando degrau a degrau, até voltar ao seu lugar de direito neste ano de 2020.

Um samba para cantar junto

E a Barroca tem tudo para voltar com toda a pompa neste carnaval de 2020. Com um samba apontado por muitos críticos como um dos melhores do carnaval, incluindo as escolas do Rio, e um enredo extremamente potente, temos tudo para fazer um carnaval que vai entrar para a história da Escola.

Desde o final do ano passado, a comissão do carnaval já havia escolhido Tereza de Benguela o tema central do nosso desfile, um tema que, apesar de remeter à história de uma líder quilombola de 1750, tem tudo a ver com o momento de lutas femininas no Brasil e no Mundo.

Tereza de Benguela

Para quem não conhece, Teresa de Benguela é uma mulher que se tornou símbolo de liderança, força e luta pela liberdade. Apesar de sua história ter sido pouco divulgada durante um longo período, hoje seu legado é cada vez mais reconhecido. Tereza de Benguela é um ícone da resistência negra no Brasil Colonial. Sua trajetória remonta ao século XVIII, quando Vila Bela da Santíssima Trindade era a primeira capital de Mato Grosso.

Rainha Tereza, como ficou conhecida em seu tempo, viveu na região do Vale do Guaporé. Após a morte do marido, passou a liderar a comunidade, resistindo bravamente à escravidão por mais de 20 anos. Tereza comandou a estrutura política, econômica e administrativa da comunidade, enfrentando diversas batidas da Coroa Portuguesa. Teresa de Benguela sobreviveu até meados da década de 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças do então governador da capitania.

A história de Tereza de Benguela demorou a ganhar projeção. Porém, passados quase 250 anos, o reconhecimento começa a aparecer. Uma lei aprovada em 2014 instituiu 25 de julho como o Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra.

E agora a Barroca vai dar ainda mais visibilidade a esta mulher guerreira e que tanto representa a luta das mulheres e dos negros!

Portanto, amanhã, quando pisarmos na Avenida, não estaremos somente fazendo mais um carnaval. Estaremos representando uma escola de 45 anos que, em todos esses anos, não passou um só carnaval sem desfilar. Uma escola que viveu seus piores momentos, mas que, graças à força da comunidade, se manteve resiliente para dar a volta por cima. Uma escola que homenageia uma mulher que é um legado de liderança e resistência. Uma escola que cada um dos integrantes ama incondicionalmente.

Vamos com tudo, Barroca! Nós já somos vencedores!

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Busque seu propósito. Deixe seu legado.

Rê Spallicci