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ESG

O Dia da Terra em meio à pandemia

Como aproveitar o Dia da Terra para refletir sobre o mundo que queremos no futuro.

 22 de abril de 2020
9 min de leitura

O dia da Terra em meio a pandemia

Nada poderia ser mais emblemático do que o 50º aniversário do Dia da Terra coincidir com o momento em que  passamos por uma pandemia global! Uma data criada para nos conscientizar sobre a necessidade de entendermos que somos todos interligados, e que defender a terra é garantir o nosso futuro, sendo celebrada quando  temos uma exata e clara noção de quanto isso é uma grande realidade.

Mais do que nunca, essa terrível pandemia está nos lembrando de que nossa economia, nossa sociedade e nossa espécie fazem parte de algo maior, mais holístico e mais poderoso. E neste 22 de abril, quando celebramos o Dia da Terra, devemos todos nos lembrarmos dos desafios contínuos que enfrentamos em nosso relacionamento com o mundo físico, natural e produzido pelo homem.

A origem do Dia da Terra

A origem do dia da Terra

O primeiro Dia da Terra foi comemorado em 22 de abril de 1970 e marcou o início dos movimentos ambientais. Nas décadas que antecederam o primeiro Dia da Terra, o mundo consumia grandes quantidades de combustíveis por meio de automóveis enormes e ineficientes. A poluição do ar era comumente aceita como o cheiro da prosperidade. Até esse ponto, os Estados Unidos dominantes permaneceram amplamente alheios às preocupações ambientais e sem dar atenção a como um ambiente poluído ameaça a saúde humana.

No entanto, o palco estava pronto para mudar com a publicação do best-seller Silent Spring, de Rachel Carson, no New York Times,  em 1962. O livro representou um momento decisivo, vendendo mais de 500.000 cópias em 24 países, pois aumentou a conscientização do público e a preocupação com os organismos vivos, meio ambiente e os laços ​​entre poluição e saúde pública.

Então, em janeiro de 1969, um derramamento de óleo em Santa Barbara, Califórnia, foi o ponto de inflexão para unir movimentos ambientais. Políticos progressistas recrutaram Denis Hayes, uma jovem ativista, para organizar os ensinamentos da preservação ambiental no campus universitário e escolheram 22 de abril, um dia da semana entre as férias de primavera e os exames finais, para maximizar a maior participação dos alunos. 

Reconhecendo seu potencial de inspirar todos os americanos, Hayes construiu uma equipe nacional de 85 pessoas para promoverem eventos em todo o país, e o esforço logo se expandiu para incluir uma ampla gama de organizações, grupos religiosos e outros. Eles criaram o nome Dia da Terra, que imediatamente despertou a atenção da mídia nacional e conquistou todo o país. O Dia da Terra inspirou 20 milhões de americanos – na época 10% da população total dos Estados Unidos – a ir às ruas, parques e auditórios para se manifestarem contra os impactos de 150 anos de desenvolvimento industrial, que deixaram um legado crescente de sérios problemas.


O Dia da Terra de 1970 alcançou um raro alinhamento político, contando com o apoio de republicanos e democratas, ricos e pobres, moradores e agricultores urbanos, líderes empresariais e trabalhistas. No final de 1970, o primeiro Dia da Terra levou à criação da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e à aprovação de outras leis ambientais pioneiras, incluindo a Lei Nacional de Educação Ambiental, a Lei de Saúde e Segurança Ocupacional e a Lei de Segurança e Saúde Ocupacional Air Act. Dois anos depois, o Congresso aprovou a Lei da Água Limpa. Um ano depois disso, o Congresso aprovou a Lei de Espécies Ameaçadas de Extinção e, logo após, a Lei Federal de Inseticidas, Fungicidas e Rodenticidas. Essas leis protegeram milhões de homens, mulheres e crianças contra doenças e morte, além de  centenas de espécies da extinção.

De lá para cá, a preocupação ambiental passou a ser uma pauta global, e hoje, o Dia da Terra é amplamente reconhecido, marcado como um dia de ação para mudar o comportamento humano e criar mudanças nas políticas globais, nacionais e locais.

Agora, a luta por um ambiente limpo continua com crescente urgência, à medida que os estragos da mudança climática se tornam cada vez mais aparentes a cada dia, e o pior, em um momento no qual vemos enormes retrocessos em muito do que havia sido conquistado.

Mas em meio ao caos no qual estamos inseridos neste momento de pandemia, podemos ter uma oportunidade única de repensar nossa relação com o nosso planeta e entre nós mesmos! 

Um momento de mudança

Ao longo da história da humanidade, nosso relacionamento com a Terra envolveu, em grande parte, a extração de materiais e a colheita de energia. Nesse processo, impulsionamos drasticamente nosso padrão de vida, alimentamos o crescimento econômico global e aumentamos a expectativa de vida humana. Mas também criamos uma economia e sociedade que não são sustentáveis.

Sem uma mudança de mentalidade, não podemos prosperar em longo prazo. Além de trabalhar urgentemente para resolver a pandemia atual, devemos trabalhar para reduzir as emissões de carbono, criar estilos de vida mais eficientes e, com o tempo, reduzir o impacto humano na própria natureza.

Nestes dias, em que boa parte da humanidade está recolhida em seus lares, temos visto enormes demonstrações do poder de reconstrução da natureza e o quanto nossa ocupação desenfreada da terra causa dificuldade à sobrevivência de várias espécies.

Recentemente, vimos fotos de leões aproveitando o isolamento dos turistas para tirar um cochilo em uma das estradas que cortam o parque Kruger National  Park, na África do Sul, um grupo de veados apareceu circulando pelas ruas de Nara, no Japão. Na Itália, vários animais como ovelhas, javalis e até um cavalo apareceram dando uma voltinha pelas ruas vazias.   Na Tailândia, foram os macacos que dominaram as ruas devido à ausência humana.

Com o planeta focado em combater a pandemia de Covid-19, a poluição e as emissões de gases de efeito estufa caíram consideravelmente, consequência da diminuição da atividade econômica, cancelamento de voos e menor circulação de carros.

Em Nova York, as emissões de monóxido de carbono oriundas de automóveis diminuíram  50% em comparação ao ano passado, segundo dados de pesquisadores da Universidade de Columbia, revelados à BBC. Além do monóxido de carbono, pesquisadores descobriram que o dióxido de carbono diminuiu em até 10% e o metano também apresentou quedas – ambos são gases de efeito estufa que intensificam o aquecimento global.

Na China, epicentro da pandemia, as emissões de CO2 diminuíram 25% em um período de apenas duas semanas, o que pode resultar em uma redução de 1% do valor de 2020, segundo estimativas. E os níveis de NO2,  outro gás de efeito estufa, também caíram.

Quem mora em São Paulo foi surpreendido por um céu maravilhoso nas últimas semanas. Tons de laranja inundaram a cidade e, consequentemente, os feeds das redes sociais com fotos de diversas partes da cidade. E, segundo os cientistas, este fenômeno é explicado, em parte, pela diminuição da poluição. “As nuvens mais altas espalham  a luz solar. Essa luz sofreria mais atenuação por causa da camada de poluição aqui embaixo e, por isso, o céu ficaria escuro mais rapidamente. Com menos poluição, essa luz consegue chegar até aqui sem sofrer tanta atenuação”, aponta Márcia Yamasoe, chefe do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP).

Enfim, muitos são os sinais de que, se tivermos uma atitude mais sustentável com o nosso planeta, conseguiremos reverter muitos danos que causamos e conviver de forma mais pacífica e inclusiva com o restante da terra.

Que em meio a esta situação única em que estamos vivendo, o Dia da Terra nos proporcione a oportunidade de refletir sobre como estamos cuidando da “nossa casa” e nos permita pensar no mundo que queremos pós-pandemia. Está em nossas mãos decidir e pressionar governos, empresas e órgãos para que mudemos nossa relação com o mundo! 

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Rê Spallicci