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Saúde

A tecnologia a serviço da saúde e da humanidade

Um bate-papo com Altamiro Bottino sobre a evolução da tecnologia na ciência desencadeada pelo Covid-19

 23 de julho de 2020
6 min de leitura

A tecnologia a serviço da saúde e da humanidade

Há pouco tempo, contei aqui para vocês sobre o segundo evento do ANH (Action, Nutritionand Health (Ação, Nutrição e Saúde) – que realizei em conjunto com a Apsen. Falei sobre os principais temas que discutimos e dei uma palinha sobre a apresentação de cada um dos palestrantes. Hoje, eu trago para vocês um bate-papo com um desses palestrantes, o Altamiro Bottino, profissional de educação física, especializado em ciência do futebol, uma pessoa que está sempre antenada com o que de mais moderno existe em termos de tecnologia para o esporte. Falamos sobre saúde, tecnologia e sua visão sobre as principais mudanças que teremos no mundo pós-pandemia. Confira:

Uma revolução tecnológica

Uma revolução tecnológica

Renata Spalicci –  Você acredita que a pandemia do COVID fará com que a tecnologia seja ainda mais utilizada na saúde?

Altamiro Bottino –  Sim. Isto já está acontecendo. Entre o surgimento do SARS CoV2 e a vacina, nunca o processo de produção foi tão curto. O mesmo ocorreu com a identificação do código genético dele. Entre fevereiro e junho, foram publicados mais de 30 mil artigos científicos. Vários ventiladores mecânicos foram criados, testes rápidos para confirmar a presença dele no paciente ou as respostas imunológicas surgiram, empresas e universidades voltaramas suas linhas de pesquisa para soluções práticas e eficazes no combate.

Renata Spallicci – E qual o papel da tecnologia neste processo?

Altamiro Bottino – Aumentando a velocidade,  a precisão dos dados e agilizando as tomadas de decisão, além de aparelhar os profissionais de saúde nas intervenções e ligar centros em todas as partes do mundo para um desenvolvimento de pesquisas e insumos.

Renata Spallicci – Quais os principais equipamentos que vê como novidades e que podem ganhar força no futuro próximo? Pode nos falar um pouco de cada um deles, por favor?

Altamiro Bottino – O anel OURA (ouraring.com), capaz de monitorar diversas variáveis fisiológicas que antecipam cenários que caracterizam a queda da saúde. O OXISTAR (biologix.com.br) que oferece a possibilidade de monitorar distúrbios do sono (como a apneia obstrutiva e o ronco) sem que você precise dormir em um centro de diagnose, o que  permite uma noite no habitat natural do paciente (seu quarto, cama, colchão, travesseiro e rotinas preservadas). O FREESTYLE (freestylelibre.com.br) que permite monitorar a glicose sanguínea 24/7, ou seja, durante todo o dia e semana. O resultado é uma modulação mais segura dos níveis de açúcar no sangue, evitando tanto a hipoglicemia quanto a hiperglicemia, bem antes de algum desconforto.

Renata Spalicci – Com mais pessoas em casa, menos deslocamentos para o trabalho, etc, corremos o risco de ter um aumento das doenças ligadas ao sedentarismo?

Altamiro Bottino – Se não houver campanhas claras e políticas públicas, com certeza. Agravaremos o quadro de inatividade que já é crítico, nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Há muitas evidências científicas demonstrando que o tempo que passamos sentados pode ser mais danoso até mesmo que o fumo. Mesmo quem pratica exercício de forma regular pode ter seu benefício diluído, se passar oito ou mais horas sentado e sem interrupções desta inércia. A não exposição solar é outra consequência da clausura. A maior parte da vitamina D no nosso corpo é de origem endógena (fabricada pelo corpo através da conversão do colesterol na nossa pele exposto aos raios UV solares). O restante vem da alimentação, que oferece a parte restante (via exógena). Suplementar só se justifica se o indivíduo tem algum déficit  de absorção. Há robustas evidências de prejuízo cognitivo quando o indivíduo só fica exposto à luz artificial.

Renata Spalicci– Neste sentido, você acredita que os escritórios e ambientes corporativos mudarão definitivamente pós-pandemia? Salas menores, mais luz natural?

Altamiro Bottino – Com toda certeza. O home-office deverá ser incorporado como modelo na maioria das empresas. Isto impactará no tamanho e na ergonomia dos ambientes. O conforto será uma preocupação importante, mas não figurará nas prioridades, tanto na construção quanto na adequação de postos de trabalho.

Renata Spallicci – E nos esportes, acredita que alguns protocolos vieram para ficar? Ou acha que tudo isso será passageiro?

Altamiro Bottino – Entendo que o grande legado será  a parte preventiva. Os custos mundiais com as doenças precisam ser redirecionados para a prevenção. Apesar de ser um eterno otimista, imagino que a maior parte do que estamos vivendo hoje vai ser esquecido em curtíssimo espaço de tempo. O mais marcante será mesmo o foco maior na saúde e não só na performance.

Renata Spallicci – Quais as principais tendências que vê para o futuro do mercado da saúde/educação física em relação a práticas e utilização de tecnologia?

Altamiro Bottino – O futuro estará nas tecnologias vestíveis, tatuagens e nanochips implantados. Tudo isso buscando maior individualização dos controles e intervenções. O uso de nuvem de dados e de IA (Inteligência Artificial) e a web como canal de interlocução entre terapeuta e paciente. Será também imperativo que haja maior integração e transdisciplinaridade entre as diversas áreas de conhecimento humano envolvidas com Saúde. Vamos precisar também de uma nova política e legislação para lidar com a internet: rigor na divulgação de fakenews, filtros apontando relevância de conteúdos e selos de qualidade nas mentorias e responsabilização civil e penal na prática de influenciadores digitais.

Minha gratidão ao Altamiro pelo papo e pelas informações sempre relevantes e inovadoras. Como vocês sabem, eu acredito que informação é um dos principais diferenciais que podemos ter em nossas vidas. Por este motivo, compartilhar conhecimento é o maior objetivo do meu blog! E com convidados como o Altamiro, essa minha missão se torna sempre mais fácil!

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Rê Spallicci