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Saúde

O seu cansaço das videoconferências tem explicação

Entenda por que nosso organismo se cansa tanto com o excesso de reuniões virtuais e como tentar reduzir este cansaço.

 21 de maio de 2020
8 min de leitura

O seu cansaço das videoconferências tem explicação

Eu sempre adorei tecnologia e sempre a usei ao meu favor. Tenho dezenas de grupos de WhatsApp para alinhar temas com minhas diversas equipes da Apsen, com meu time conteúdo, de assessoria de imprensa, enfim… Vejo que ela pode nos ser extremamente útil e nos poupar muito tempo.

Em momentos como o que estamos vivendo, então… Nem se fale! As reuniões virtuais foram a salvação das empresas para reunir equipes, ter contato com clientes, tocar projetos e tudo o mais. Até mesmo os programas de TV estão fazendo uso deste sistema!

Mas, se você está trabalhando de forma remota e fazendo bastantes reuniões por videoconferência talvez tenha notado um cansaço além do normal. Calma! Saiba que você não está só! Este fenômeno vem sendo percebido por profissionais de todo o mundo e até já mereceu alguns experimentos sociais não formais e algumas explicações!

A zoom fadiga

A zoom fadiga

O pessoal gosta de dar nome em tudo,  né? E esta fadiga das reuniões virtuais também já foi batizada: zoom fadiga! Podia ser hangout, meets, teams, qualquer outra ferramenta, mas tenho que concordar que com o Zoom ficou mais bonitinho…rs.

E por que temos esta fadiga específica de videoconferências? Segundo especialistas, isso se explica por várias razões. Os seres humanos se comunicam mesmo quando estão quietos. Durante uma conversa pessoalmente, o cérebro se concentra parcialmente nas palavras que estão sendo ditas, mas também obtém um significado adicional de dezenas de sugestões não verbais: alguém está olhando para você ou se afasta levemente, está mexendo no celular enquanto você fala, dão sinais corporais, preparando-se para interromper…

Essas dicas ajudam a criar uma imagem holística do que está sendo transmitido e do que é esperado em resposta do ouvinte. Como os seres humanos evoluíram como animais sociais, perceber essas pistas é natural para a maioria de nós, requer pouco esforço consciente para analisar e pode estabelecer as bases para a intimidade emocional.

No entanto, uma vídeochamada típica prejudica essas habilidades que já nos são naturais e nos solicita uma atenção constante e intensa às palavras. Se uma pessoa é enquadrada apenas dos ombros para cima, a possibilidade de visualizar gestos com as mãos ou outra linguagem corporal é eliminada. Se a qualidade do vídeo for ruim, qualquer esperança de recolher algo, com base em  pequenas expressões faciais é frustrada.

Telas com várias pessoas ampliam esse problema. A visualização da galeria – onde todos os participantes da reunião aparecem juntamente na tela – desafia a visão central do cérebro, forçando-o a decodificar tantas pessoas ao mesmo tempo,  em que ninguém passa sinais significativos, nem mesmo o orador. Para alguns psicólogos, decifrar todos esses signos presentes em uma videoconferência seria tão desafiador quanto cozinhar lendo um livro, por exemplo.

Isso leva a problemas:  as conversas em vídeo em grupo se tornam menos colaborativas e mais parecidas com painéis de discussão, nos quais apenas duas pessoas por vez conversam, enquanto as outras ouvem. Como cada participante está usando um fluxo de áudio e está ciente de todas as outras vozes,  conversas paralelas são impossíveis. Se você visualizar um único orador por vez, não poderá reconhecer como os participantes não ativos estão se comportando – algo que  normalmente entenderia, se a conversa fosse presencial, por meio da visão periférica.

Para algumas pessoas, esta divisão prolongada da atenção cria uma sensação desconcertante de ter se esforçado ao máximo sem ter conseguido nada. O cérebro fica sobrecarregado por excesso de estímulos desconhecidos, ao mesmo tempo que se concentra na busca de pistas não verbais que não consegue encontrar.

Como evitar a fadiga das videoconferências

Bom, mas em tempos de pandemia, precisamos urgentemente das videochamadas, Então,  o que podemos fazer para não levar nosso cérebro à fadiga? Usar alguns “truques” para tentar diluir os efeitos negativos das videoconferências é tudo o que temos à mão. Confira:

Evite a multitarefa.

É tentador pensar que você pode usar a oportunidade de uma videoconferência para fazer mais em menos tempo. Esqueça! Nada de ler e-mail ou fazer pesquisa enquanto conversa. Por isso, feche as guias ou os programas que possam distraí-lo (por exemplo, sua caixa de entrada de e-mail), guarde o telefone e fique presente. Sabemos que é tentador, mas tente se lembrar de que a mensagem do WhatsApp que você acabou de receber pode esperar 15 minutos, e que você poderá criar uma resposta melhor, quando não estiver em um bate-papo por vídeo.

Faça intervalos.

Faça minipausas no vídeo durante chamadas mais longas, minimizando a janela, movendo-a para trás dos aplicativos abertos ou apenas olhando para longe do computador por alguns segundos. Este não é um convite para começar a fazer outra coisa, mas para descansar os olhos por um momento. Nos dias em que você não pode evitar reuniões consecutivas, dê um tempinho entre elas para que seja suficiente para se levantar e se movimentar um pouco. Se você estiver em uma videochamada de uma hora, faça com que as pessoas desliguem suas câmeras para partes da chamada.

Reduza os estímulos na tela.

Pesquisas mostram que, quando você está em uma chamada de vídeo, tende a gastar mais tempo olhando para seu próprio rosto. Isso pode ser facilmente evitado ocultando-se da sua tela. Ainda assim, as distrações na tela vão muito além de você. Você pode se surpreender ao saber que, em vídeo, não apenas focamos nos rostos dos outros, mas também nos antecedentes deles. Se você estiver em uma ligação com cinco pessoas, poderá sentir-se em cinco salas diferentes ao mesmo tempo. Você pode ver seus móveis, plantas e papel de parede. Você pode até se esforçar para ver que livros eles têm em suas prateleiras. O cérebro precisa processar todas essas pistas ambientais visuais ao mesmo tempo. Para combater o cansaço mental, incentive as pessoas a usarem planos de fundo simples (por exemplo, um pôster de uma cena pacífica na praia) ou concordem em grupo para que quem  não está falando desative o vídeo.

Alterne para telefonemas ou e-mail.

Verifique sua agenda nos próximos dias para ver se há alguma conversa que você possa ter pelo whatApp ou enviar um e-mail. Em um dia de muitas reuniões de vídeo, não tenha medo de falar para alguém algo como: “Gostaria de fazer uma pausa nas videochamadas. Você se importa se fizermos isso por telefone?”…  Provavelmente a outra pessoa também ficará aliviada com a mudança.

Vídeo não é o padrão

Muitas pessoas começaram a tratar o vídeo como padrão para toda a comunicação. Nas situações em que você está se comunicando com pessoas fora da sua organização (clientes, fornecedores, redes, etc.) –  conversas que  costumava fazer por ligações telefônicas  podem fazê-lo  se sentir obrigado a enviar um link de zoom. Mas uma videochamada é bastante íntima e pode até parece invasiva em algumas situações.

Algumas dessas dicas podem ser difíceis de seguir a princípio (especialmente aquela sobre resistir à vontade de navegar durante sua próxima chamada de zoom). Mas seguir essas etapas pode ajudar a evitar que você se sinta tão exausto ao final do dia. Afinal, já é cansativo tentar se adaptar a esse novo normal. Nada melhor do que tentar facilitar um pouco as coisas!

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Rê Spallicci